A Polícia Federal deflagrou no dia 8 de fevereiro a Operação Tempus Veritatis, que tem como objetivo investigar a tentativa de golpe de Estado. Durante os desdobramentos da ação, a corporação passou a apurar a possível participação de integrantes das Forças Armadas no plano golpista.

Tanto que dois militares foram alvos da operação no dia 8 de fevereiro. Depois, na quarta-feira, 14, o Exército Brasileiro publicou na DOU (Diário Oficial da União) a exoneração do tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que deixou o comando do 1° Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia (GO), e do tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, removido do posto de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus (AM).

Além deles, Victor Carneiro aparece nas investigações após ser citado pelo ex-ministro e general Augusto Heleno em plano para infiltrar agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) nas campanhas de adversários de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022.

Durante uma reunião ministerial realizada no dia 5 de julho de 2022, Heleno disse: “Já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor-[adjunto] da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa […], a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin […]”.

O general foi interrompido pelo então presidente Jair Bolsonaro, que pediu para os dois conversarem em particular sobre “o que porventura a Abin está fazendo”.

Quem é Victor Carneiro?

Victor Carneiro é filho do general Sérgio Tavares Carneiro, que ocupa a presidência do Clube Militar, instituição que atua como porta-voz dos oficiais da ativa.

No dia 13 de abril de 2022, Bolsonaro nomeou Victor Carneiro como diretor-adjunto da Abin no lugar de Alexandre Ramagem, que precisou sair da agência para concorrer a uma vaga de deputado federal nas eleições de outubro de 2022.

A escolha de Carneiro foi assinada pelo então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, pois a Abin é subordinada ao ministério.

Victor entrou na Abin em 2010 e chegou a atuar na superintendência estadual da Abin no Rio de Janeiro.

O filho do general também ocupou posto como assessor parlamentar e foi capitão do Exército, onde exerceu as funções de comandante do 2° Grupo de Operações de Inteligência e de subcomandante da 5ª Companhia de Inteligência do Comando Militar do Nordeste.

Victor Carneiro tem pós-graduação em Operações Militares pela ESAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais) e especialidade em Inteligência Estratégica pela ESG (Escola Superior de Guerra).