Quem é Ricardo Magro, dono do grupo considerado o maior sonegador do Brasil

Com dívida tributária de R$ 26 bilhões, empresário está à frente de empresa investigada por fraude no setor de combustíveis

Ricardo Magro
O empresário Ricardo Magro é considerado o maior sonegador do País Foto: Reprodução/ Magro Advogados

Alvo da Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta-feira, 27, o Grupo Refit é comandado pelo empresário e advogado Ricardo Magro. O conglomerado é responsável pela antiga refinaria de Manguinhos e considerado pela Receita Federal o maior sonegador de impostos do Brasil, com débitos superiores a R$ 26 bilhões.

A força-tarefa, que reuniu a Receita Federal, o governo estadual e o Ministério Público, cumpriu 126 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia.

De acordo com as investigações, os acusados atuavam em todos os níveis da cadeia de combustíveis — da importação e refino à venda ao consumidor final — e acumulam débitos tributários superiores a R$ 26 bilhões. As autoridades apuram se o combustível da Refit abasteceria redes de postos de gasolina controlados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), esquema deflagrado na Operação Carbono Oculto, em agosto de 2025. No mês de outubro, a Receita Federal apreendeu dois navios com carga que ia para Manguinhos

Quem é Ricardo Magro

Ricardo Magro, de 51 anos, ganhou destaque nos noticiários em 2008, quando comprou a Refinaria de Manguinhos, que foi rebatizada para Refit durante o processo de recuperação judicial, e já enfrentava processos de cobranças de impostos e investigação do Ministério Público. Paulistano de origem, o empresário obteve projeção no Rio de Janeiro e, desde 2016, reside em uma área nobre de Miami, nos Estados Unidos.

O nome de Magro já esteve envolvido em denúncias de evasão fiscal na gestão da refinaria. Em dezembro de 2024, o empresário foi alvo de ação da Polícia Civil por suspeita de usar 188 empresas para cometer crimes fiscais e lavagem de dinheiro.

Ricardo Magro também apareceu nos chamados Panama Papers com seis offshores, algumas delas gerenciadas pelo escritório Mossack Fonseca, especializado na abertura de empresas de fachada com o objetivo de ocultar os reais donos.

Magro chegou a ser investigado por suposto esquema de corrupção na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível). Na denúncia apresentada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que posteriormente foi arquivada, as empresas do conglomerado Refit eram usadas em esquemas de sonegação e adulteração das bombas de combustíveis. Segundo o órgão, o empresário seria responsável por pagar propina a um agente regulador para manter uma espécie de rede de proteção.

Em 2016, ele chegou a ser preso após ser alvo da Operação Recomeço, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal por supostos desvio de recursos dos fundos de pensão da Petrobras e dos Correios.

Ex-advogado de Eduardo Cunha, à época afastado da presidência da Câmara dos Deputados, Magro era um dos sócios do Grupo Galileo junto com Carlos Alberto Peregrino da Silva. Em dezembro de 2010, o grupo emitiu debêntures (títulos mobiliários) de R$ 100 milhões para captar recursos para recuperar a Universidade Gama Filho.

Segundo o MP, as investigações apontaram indícios de que o dinheiro captado teria sido ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados.