Quem é Ricardo Galvão, que deve assumir o lugar de Boulos na Câmara

Ex-diretor do Inpe foi candidato a deputado pela Rede em 2022

Ricardo Galvão, presidente do CNPq
Ricardo Galvão, presidente do CNPq Foto: Agência Capta

Com a escolha de Guilherme Boulos (PSOL-SP) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo (PT-SE), o suplente qualificado a herdar sua vaga na Câmara dos Deputados é Ricardo Galvão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e filiado à Rede Sustentabilidade.

Candidato a deputado por São Paulo em 2022, Galvão recebeu 40.365 votos e ficou em nono lugar na federação formada por PSOL e Rede, que fez seis deputados (Boulos, com 1.001.472, foi o mais votado da lista e do estado).

+O que move Lula a escolher Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência

Depois da eleição, Marina Silva (Rede, terceira mais votada da federação) e Sônia Guajajara (PSOL, quinta) tornaram-se ministras do Meio Ambiente e dos Povos Originários, respectivamente, e suas cadeiras no Parlamento ficaram com Luciene Cavalcante (PSOL) e Ivan Valente (PSOL), os primeiros suplentes.

A ida de Boulos para a Esplanada dos Ministérios abre, agora, uma vaga para Galvão, que tem a prerrogativa de assumi-la ou não, caso deseje se manter à frente do CNPq. Neste caso, a vaga ficaria com o ex-deputado estadual João Paulo Rillo (PSOL).

Mestre em Engenharia Elétrica pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e doutor em Física de Plasmas pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts, nos Estados Unidos, Galvão foi professor universitário, dirigiu o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e presidiu a Sociedade Brasileira de Física.

Algoz de Bolsonaro

Em 2016, assumiu a direção do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia que é responsável pelo monitoramento federal de desmatamentos e mudanças climáticas no país, com o objetivo de desenvolver políticas públicas reativas.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), dados do Inpe que apontaram aumento no desmatamento foram desqualificados pelo então presidente e seus aliados, que passaram a atacar Galvão nominalmente. Os atritos terminaram com a exoneração do diretor do órgão, mas a atuação lhe rendeu o prêmio de Liberdade e Responsabilidade Científica da Associação Americana para o Avanço da Ciência, menções em publicações internacionais e projeção nacional.

A atuação rendeu uma candidatura à Câmara em espécie de “dobradinha” com Marina Silva, liderança brasileira de maior projeção no tema. Acabou não se elegendo, mas foi nomeado pelo governo Lula para dirigir o CNPq, também vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e responsável por investigações científicas e tecnológicas.