16/12/2024 - 12:06
O youtuber Wilker Leão de Sá foi suspenso de duas disciplinas do curso de História da UnB (Universidade de Brasília) por 60 dias após determinação expedida nesta quinta-feira, 12, pela reitora da instituição de ensino, Rozana Naves. O influenciador tem 885 mil seguidores e ganhou notoriedade após chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “tchutchuca do Centrão”.
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Wilker Leão é cabo da reserva do Exército e advogado. Durante a gestão de Bolsonaro, o influenciador aparecia em vídeos questionando eleitores do ex-presidente sobre as contradições do político com uma retórica similar a do ex-deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei.
O youtuber entrou para o MBL (Movimento Brasil Livre) em agosto de 2022. Leão também é defensor do porte de armas para cabos e soldados da reserva e o direito à sindicalização da categoria. O criador de conteúdo afirma que as experiências com Direito Militar e a política interna do Exército lhe permitiram adentrar em temas polêmicos e relevantes.
Em fevereiro de 2023, o influenciador se envolveu em uma discussão com o deputado Randolfe Rodrigues (PT-AP). Na ocasião, o parlamentar tomou o celular da mão do criador de conteúdo após ser questionado sobre terrorismo e assédio político.
No canal do YouTube, Wilker Leão começou a divulgar imagens das aulas que frequenta na UnB com a promessa de combater uma suposta doutrinação nas universidades. O influenciador alegou que escolheu cursar História por ser “um dos cursos que a esquerda mais dominou com narrativas ideológicas”.
Em seus vídeos, Leão questiona as informações passadas por professores durante as aulas e grava sem autorização suas discussões com docentes e colegas de classe. Após ser suspenso por dois meses, o influenciador declarou nas redes sociais ser vítima de perseguição e de autoritarismo por parte da UnB.
No documento enviado ao youtuber pela universidade, a instituição pontuou que as ações de Leão durante as aulas “ocasionam prejuízo ao regular andamento de disciplinas” e aos estudantes matriculados.
Confira nota da UnB na íntegra:
A Universidade de Brasília (UnB) tem tomado todas as providências administrativas cabíveis em relação ao caso.
O recebimento das denúncias levou à instauração de sindicância investigativa. Ainda, o Decanato de Pesquisa e Inovação produziu a Nota Técnica Nº 01/2024, que trata dos direitos de propriedade intelectual.
Segundo essa nota, o conteúdo, escrito ou oral, produzido em sala de aula por docentes e discentes é passível de proteção por direitos autorais. O discente, como parte do seu processo de ensino-aprendizagem, pode fazer uso privado ou pessoal do material pedagógico que lhe é fornecido em sala de aula. Porém, qualquer modificação, alteração ou publicação, sem a devida autorização, fere diretamente os direitos autorais do docente, constituindo uma violação ao seu uso para fins diversos do objetivo de estudo.
Após consulta à Procuradoria Federal junto à UnB, a Reioria decidiu pela suspensão cautelar do estudante das disciplinas História da África e História do Brasil 1, por 60 dias. A decisão se deu a fim de garantir o cumprimento dos princípios basilares da ação administrativa estatal, sobretudo em respeito à supremacia do interesse público, da continuidade da prestação do serviço público, da legalidade, da motivação e da garantia do direito de terceiros de boa-fé ao acesso à educação, assegurado pela Constituição Federal de 1988.
Reafirmamos o nosso compromisso firme com os direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual, à liberdade de cátedra e à democracia, fundamentos essenciais para o avanço do conhecimento e a formação crítica de estudantes.
A Universidade de Brasília repudia qualquer forma de violência, intimidação e agressão, reafirmando os seus princípios de cultura da paz e de defesa dos direitos humanos, pautados pelo respeito mútuo e pela ética.
*Com informações do Estadão