Com o anúncio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou ter decidido se licenciar do mandato na Câmara Federal para permanecer nos Estados Unidos, a vaga parlamentar pede um novo ocupante. No caso da ausência de Eduardo, quem assume é o segundo suplente do Partido Liberal, José Olímpio (PL-SP) – missionário que reuniu 61 mil votos na última eleição.
O afastamento do bolsonarista tem validade de quatro meses e seria motivado pelas investigações promovidas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O magistrado é relator dos inquéritos sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2023 – crime pelo qual Jair Bolsonaro (PL) e aliados podem se tornar réus.
Em vídeo veiculado nas redes sociais, Eduardo afirmou que irá ficar no país norte-americano para articular punições contra o ministro e que a decisão seria a “mais difícil” já feita na vida. Se o deputado realmente ficar longe do mandato por mais de 120 dias (aproximadamente quatro meses), a vaga deverá ser preenchida por um suplente.
O substituto imediato para o cargo seria Adilson Barroso (PL), que é o primeiro suplente do partido – ou seja, o parlamentar mais bem votado não eleito do partido em São Paulo. Porém, Adilson já está ocupando a vaga deixada por Guilherme Derrite, licenciado para assumir como secretário de Segurança em São Paulo.
Assim, o destinado para preencher o lugar de Eduardo Bolsonaro será José Olímpio – que, entre os correligionários que não foram eleitos, é o segundo mais votado.
Quem é o Missionário José Olímpio?
Ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus, José Olímpio foi deputado federal pelo Estado de São Paulo por dois mandatos, entre 2011 e 2019. Foi vereador em Itu e São Paulo e passou pelo MDB, PP, PPB, DEM e União Brasil antes de filiar ao PL.
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Bolsonarista, o religioso participou ativamente da campanha de Bolsonaro à Presidência em 2022. Vereador de São Paulo à época e candidato a deputado, o missionário divulgou um vídeo com a imagem de Bolsonaro contra o aborto e defendeu: “Desrespeitar a vida é desrespeitar a Deus”.
Em 2020, nas eleições municipais, o missionário posou ao lado de Bolsonaro e gravou vídeo ao lado do pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Durante o primeiro mandato como deputado federal, em 2014, José Olímpio apresentou um projeto de lei para “proibir o implante em seres humanos de identificação em forma de chips e outros dispositivos eletrônicos”. Na justificativa do projeto, o parlamentar argumentou que a medida visava impedir que uma “nova ordem satânica” fosse implantada.
“Infelizmente, de modo sorrateiro, já são conhecidos no Brasil diversas iniciativas de implantação de chips como ‘rastreadores pessoais’ que pretensamente simulam uma ferramenta de segurança na medida em que possibilitariam a rápida localização de pessoas que estivessem em poder de sequestradores. Entretanto, o povo brasileiro não se deve iludir com tais artifícios, que escondem uma verdade nua e cruel: há um grupo de pessoas que busca monitorar e rastrear cada passo de cada ser humano, a fim de que uma satânica Nova Ordem Mundial seja implantada”, justificou.
Como são definidos os suplentes?
Após o fim da eleição, a Justiça Eleitoral divide o total de votos válidos (excluindo brancos e nulos) pela quantidade de vagas a que cada Estado tem direito na Câmara para definir o quociente eleitoral, o número de votos necessários para eleger cada deputado federal.
Posteriormente, divide-se o número de votos obtidos por cada partido ou coligação pelo quociente eleitoral. O resultado é o quociente partidário, número que define quantas vagas cada legenda terá direito na Casa.
Com os cálculos definidos, segundo a Câmara dos Deputados, as vagas são preenchidas de acordo com a ordem de votação dos candidatos de cada partido ou coligação. Os mais bem votados ocupam as vagas a que cada partido tem direito. Em seguida, seguindo a ordem de número de votos, estão os suplentes, como no caso do Missionário José Olímpio.