O empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeito de São Paulo nas eleições municipais de 2024, nomeou como seu representante de sua empresa de aviação o piloto Florindo Miranda Ciorlin, acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de atuar na aquisição e ocultação de aeronaves responsáveis pelo tráfico de cocaína entre a Bolívia e o Brasil.

Pablo Marçal teria escolhido o piloto para representá-lo em órgãos federais por meio de uma procuração assinada em 28 de outubro de 2021. Antes disso, Florindo já havia sido preso pela PF (Polícia Federal). As informações foram divulgadas pela coluna de Tácio Lorran, do “Metrópoles”, nesta sexta-feira, 30.

+ Marçal diz ter ficado ‘três ou quatro dias’ preso por acusação de furto qualificado: ‘Todo mundo erra’

+ Justiça nega pedido para suspender de imediato candidatura de Pablo Marçal

O piloto e empresário administra a Preflight Serviços Aeronáuticos Ltda. junto de seu irmão, Ewerton Miranda Ciorlin. A companhia é especializada em assessoria de compra de aeronaves e foi escolhida por Pablo Marçal como procuradora de uma empresa da qual é sócio, a Aviation Participações Ltda, na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

A decisão transfere para Florindo a responsabilidade e poder de realizar todos os atos que se fizerem necessários para a obtenção de documentos pertinentes à aeronave PR-FAC, um Cessna Aircraft modelo 510 de 2008 que foi comprado por Marçal em outubro de 2021 por R$ 9,13 milhões.

A nomeação como procurador por parte de Marçal ocorreu seis meses depois de Florindo ser alvo da Operação Grão Branco, deflagrada pela PF em abril de 2021. A ação das autoridades visava desarticular uma organização criminosa liderada por Ary Flávio Swenson Hernandes, acusado de traficar mais de cinco toneladas de drogas.

Na ocasião, foram cumpridos mais de 110 mandados judiciais em nove estados e 38 prisões, incluindo a de Florindo, que foi revogada duas semanas depois. O piloto se tornou réu em um processo que ainda não foi julgado na Justiça Federal.

De acordo com as autoridades, Florindo teria atuado em favor da organização criminosa adquirindo e regularizando aeronaves utilizadas no tráfico. As investigações apontaram que o piloto supostamente utilizou documentos falsos e laranjas para ocultar os reais donos dos aviões.

Ainda, o homem teria dado aulas de aviação para membros da quadrilha, chegando a manifestar interesse em ir para a Bolívia no intuito de conhecer Ary Flávio Hernandes. Mensagens interceptadas pela PF mostraram supostos extensos diálogos de códigos entre Florindo e Eliseu Hernandes, pai do traficante.

O irmão do piloto, Ewerton Miranda Ciorlin, foi absolvido no processo. A defesa de Florindo alega que o empresário apenas fazia seu trabalho de forma legal e as transações de aviões para os traficantes ocorreram dentro de “padrões internacionais de cuidado”. A empresa Preflight não interrompeu os serviços após a operação e nega qualquer envolvimento com integrantes da organização.

A assessoria de Pablo Marçal afirmou que o candidato não possui qualquer relação com Florindo e o contato entre os dois é restrito a um contrato profissional para a realização de transferências de aeronaves.