Alguns anos atrás, mais precisamente em 2017, pouco depois que comecei a escrever publicamente (em princípio no Facebook e em seguida no Portal UAI, dos Diários Associados, um dos maiores grupos de comunicação do País), diante do rápido sucesso que alcancei, devido, sobretudo, aos textos duros e ácidos disparados contra os cleptocratas do lulopetismo, publiquei em meu blog – Opinião Sem Medo! – um post intitulado “Quem é o misterioso Ricardo Kertzman” (link no final do texto), a fim de me apresentar aos milhares de leitores e, principalmente, aos raivosos “petralhas”.
Impropérios, claro!, não faltavam. Ao invés de contestarem, com fatos e argumentos, minhas pesadas críticas, os lulopetistas apenas me xingavam e me acusavam de ser financiado pelo PSDB, especialmente de ser capacho do Aécio Neves. Muitos previam, também, o breve fim da minha página. Diziam que um “bosta, estrume, lixo, vagabundo, pau mandado, pseudo jornalista, ladrão, vendido etc.”, como eu, não iria durar uma semana, um mês. Eram tempos em que Lula era Deus, e o PT, o intocável partido dos pobres e dos trabalhadores oprimidos.
Pois bem. O tempo passou e eu sofri calado. Brincadeira! Essa frase é de uma música antiga, até meio breguinha, mas que eu gostava muito. Na verdade, nunca sofri. Muito menos calado. Quem me conhece e me acompanhava à época, sabe como eu adorava “tretar” com aquela gente esquisita. Continuei meu caminho e fui convidado pelo jornal Estado de Minas a assinar uma coluna semanal em sua versão digital. Dali para me tornar colunista da revista IstoÉ foi um pulo, e cá estou eu, outra vez, me apresentando adequadamente aos novos leitores.
Não sou jornalista; me tornei uma espécie de jornalista. Cursei Comércio Exterior enquanto trabalhava como bancário. Fui empresário durante quase toda minha vida profissional. Perto de completar o meu primeiro cinquentenário (não sou um otimista?) resolvi, no jargão dos gurus da administração, me reinventar. Tornei-me mero sócio-cotista de um negócio que fundei em 2000, ao lado de amigos barra sócios como os chama minha filhota querida, e passei a me dedicar, de corpo e alma, a cuidar da minha mãe – já falecida, infelizmente – e a aproveitar o bom da vida, ao lado da família e dos amigos queridos.
Aproveitar o bom da vida, neste caso, também significa trabalhar com o que gosto, com o que me diverte e me dá prazer. Escrever é uma espécie de hobby, de terapia. O faço por gosto, e não por dinheiro. Sou contestador por natureza! E obcecado combatente de governos – de quaisquer governos!! – que mereçam ser combatidos. Sou também extremamente sensível e justo. E pra lá de emotivo. Me dói tanto as injustiças e a impunidade patrocinadas pelo Estado, que despejar toda minha revolta nos meus textos me faz me sentir melhor. Ou, vá lá, menos pior.
Nunca, jamais, em tempo algum recebi qualquer centavo ou benefício para escrever o que escrevo. Primeiro porque minha opinião não está à venda nem a serviço de ninguém, ainda que fosse legítimo estar. Segundo porque escrevo com o coração, sem papas nos dedos, de uma forma simples, coloquial, sem regras ortográficas rígidas e sem manual de redação a me tutelar. Terceiro porque “não quero dinheiro, eu só quero amar” (ê, Tim Maia!!). Na boa, não quero mais compromissos de trabalho ditando minha vida e o tempo útil que me resta.
Dinheiro público então, coitado de mim! Em 53 anos de vida, não só jamais recebi qualquer tostão do Estado como despejei dezenas de milhões de reais nos cofres municipal, estadual e federal. Sustentei, e sustento, muito servidor público e político vagabundo por aí (e paguei, com prazer e justeza, tantos outros servidores e políticos decentes também). Além de pagar, recebi em troca muito pouco ou quase nada. Pago para ter serviços de saúde, segurança e educação públicas que não uso, e pago novamente para tê-los de forma privada.
Não me espanto ao ler, hoje em dia, dos bolsonaristas, o mesmo tipo de ofensa e acusação que recebia dos lulopetistas. Quando não há argumentos contra opinião, só resta partir para a porrada. Como a família Bolsonaro explicaria, senão com o mesmo diversionismo de sempre (bom era o PT, né? Comunista. Lixo. Extrema imprensa etc.), os “micheques” na conta da primeira-dama? Como reagiriam os tais bolsominions à frustração que sentem, por terem eleito um embuste, um engodo, senão através de ofensas e dos mesmíssimos jargões idiotas?
Eu votei em Bolsonaro – ou melhor eu não, minha filha, tadinha: levei-a comigo e pedi para que digitasse 1 e 7, pois não tinha coragem de fazê-lo – exclusivamente para me livrar da corja do lulopetismo. Mas jamais poderia imaginar (como eu, milhões de otários, tenho certeza) que estava elegendo algo ainda pior e mais nocivo. Um psicopata autocrata, extremamente bélico e perigoso, capaz de levar milhares ao suicídio, com o tal tratamento precoce para Covid-19, e responsável direto por inúmeras mortes através do negacionismo obscuro que prega diariamente.
Há alguns dias, este desclassificado que ocupa a presidência da República mandou a imprensa nacional à PQP. Em questão de poucos minutos, logo após assistir ao vídeo mais infame da história política brasileira, escrevi um duro texto que percorreu o Brasil de norte a sul (aliás, ministro Pazuello, o senhor aprendeu a separar os hemisférios adequadamente?). No texto, também mandei, pra lá de satisfeito, o amigão do Queiroz para o mesmo lugar. Afinal, chumbo trocado não dói. Ou não deveria doer. Dali em diante me tornei mais uma subcelebridade da internet, hehe.
De bolso fanáticos anônimos a deputados pendurados na genitália do devoto da cloroquina, passando pelo indefectível Carlucho e o “passa pano para estuprador”, Rodrigo Constantino, fui acusado de petista, comunista, vigarista e sei lá mais quantos e quais “istas”. Babaram: “bom era o Lula? Onde você estava quando o Brasil era assaltado pelo PT? Perdeu a verba pública que ganhava para escrever, né?”. Além de me xingarem com todos os palavrões que o pai do senador das rachadinhas lhes ensinou. Como eu disse: faltam argumentos, sobram ofensas.
Bem, sem querer responder e já respondendo, eu digo: não. Lula não era bom. Era péssimo, horroroso. Onde eu estava? Aqui mesmo, combatendo os lulopetistas, enquanto boa parte de vocês também estava onde está: mamando salários e benefícios indecorosos para não fazer porcaria nenhuma. Verba pública? Como já expliquei, nenhuma. Nem privada! Verba pública é o que gente como vocês disputa no tapa e na puxação de saco, e não raro, simplesmente roubando (vide rachadinhas, funcionários fantasmas e outras cositas más). Ou através de emprego QIQP (quem indica é quem paga) em rádios e emissoras de TV, né, Cocô?
Tenho medo de ser processado? Zero! Nenhum! Não tinha de Lula e do PT, no auge dos 87% de aprovação, por que teria de um bando de politiquinhos de décima categoria que vivem aboletados nos centrões da vida? Por que teria, de bananinhas da política e de bananões da internet? Medo de violência? Sim! Mas da urbana. Da criminalidade comum a essa turma ligada a milicianos. Num País em que 60 mil pessoas são assassinadas todos os anos, medo pouco é bobagem. Mas não um medo paralisante. E sim, um medo prudente, que me faz tomar os devidos cuidados.
Eis aí, caros e caras, bolsominions e petralhas, ciristas e dorianas, moristas e huckistas, e sei lá quais outras tribos de adoradores de políticos: este é o Ricardo Kertzman. Este sou eu. Um cara que não idolatra; talvez, no máximo, que admira e respeita políticos. Poucos políticos. E um cara que acha que qualquer governante é um servidor público, que recebe fortunas para fazer o que prometeu – e que ninguém pediu -, e que tem, por isso, de entregar o prometido. Sou, portanto, um sujeito comum, quase anônimo, que bato um papo de boteco com vocês através das colunas e posts que escrevo.
Ah! Me esqueci do mais importante a meu respeito: atleticano. Muito atleticano. Sou Galo!
https://blogs.uai.com.br/opiniaosemmedo/2017/02/22/o-misterioso-ricardo-kertzman/