14/08/2024 - 7:30
Duarte Jr. (PSB) é o único candidato a uma prefeitura de capital que conquistou o apoio do PT — do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e do PL — do ex-presidente Jair Bolsonaro — para as eleições de outubro. A coalizão formada em São Luís é heterogênea, mas reflete a herança política deixada pelo ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), no estado que governou entre 2015 e 2022.
Além das duas legendas, o deputado federal atraiu para sua chapa PSDB, União Brasil, PP e PRD, forças distantes de seu espectro político, para a tentativa de barrar a reeleição do prefeito Eduardo Braide (PSD) na capital maranhense.
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Quem é Duarte Jr.
Advogado, o pessebista ganhou reconhecimento público a partir de 2015, quando assumiu o Procon (Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor) do Maranhão, na época governado por Flávio Dino.
“Ele se popularizou pela defesa dos direitos do consumidor e mobilização das expectativas de setores econômicos do estado, passando uma ideia de eficiência muito grande no cargo”, disse ao site IstoÉ Francisco Gonçalves, professor de comunicação da UFMA (Universidade Federal do Maranhão).
Respaldado pela popularidade, elegeu-se deputado estadual em 2018 pelo PCdoB (então partido de Dino) com mais de 65 mil votos. Na Assembleia Legislativa, foi um governista fiel.
Em 2020, migrou para o Republicanos e disputou pela primeira vez a prefeitura de São Luís, sendo derrotado no segundo turno, justamente por Braide. Ocorre que, na época, o grupo político do governador se dividiu na disputa entre diferentes aliados — um deles foi eleito.
Nas eleições de 2022, foi eleito deputado federal já pelo PSB, para onde migrou junto do governador, a quem chama de “professor”. Na Câmara, é o vice-líder da sigla.
Orgulho pela merecida aprovação da indicação do amigo e professor @FlavioDino para o @STF_oficial. Sem dúvida alguma, o maior exemplo e personificação do termo “notável saber jurídico”.
Parabéns, amigo! Que DEUS continue te guiando e abençoando nesta nova etapa da sua vida. pic.twitter.com/5zd97PSMez— Duarte Jr 🇧🇷 (@DuarteJr_) December 14, 2023
Nas duas eleições para o Legislativo, disse Gonçalves, mobilizou um forte eleitorado na região da Ilha — formada pelas cidades de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. “Ele alcançou eleitores de diferentes espectros, dos conservadores aos progressistas”.
A força demonstrada nesses pleitos ungiu Duarte a uma nova candidatura na capital, sob a guarda do padrinho. Não à toa, o parlamentar tem insistido na associação com o ex-governador para o pleito. “Seu plano de governo tem vários pontos em comuns com as preocupações que o governo Dino teve”, disse o professor.
Frente ampla
Flávio Dino ainda estava no Partido Comunista do Brasil quando derrotou o grupo político do ex-presidente José Sarney (MDB) pelo governo do Maranhão, em 2014, com apoio de siglas distantes, como PP e PSDB. Na reeleição, ampliou seu arco de alianças à direita com os atuais PL, União Brasil, Republicanos e PRD.
A mobilização heterogênea foi herdada por Duarte na disputa por São Luís e tem relação direta com a herança política do ministro do Supremo na cidade. “Embora Dino esteja afastado da atividade política, ainda é a principal liderança eleitoral do Maranhão, ao lado do presidente Lula”, afirmou Gonçalves.
“Para efetivamente disputar a prefeitura, Duarte precisava agregar uma frente ampla como a do ex-governador já no primeiro turno e assegurar também o eleitorado petista. Isso explica a escolha para vice de uma liderança do PT, Creuzamar de Pinho”, concluiu.
Mas o embarque do PL atravessou obstáculos e quase foi barrado pela direção nacional do partido. No início de agosto, Bolsonaro disse que apoiaria outros nomes às prefeituras onde seu partido se aliasse a legendas de esquerda e abriu a pressão pela ruptura da coalizão. O diretório local do PL ignorou o movimento e manteve apoio a Duarte.
Ocorre que o presidente estadual do PL no Maranhão é o deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Filiado da sigla há quase duas décadas, o político tem uma ascendência local que antecede a chegada do bolsonarismo e chegou a ser punido pela direção nacional do partido por votar alinhado ao governo Lula na Câmara.
Cumprindo a promessa de abrir mão da fidelidade partidária em cidades onde o PL se aliasse à esquerda, Bolsonaro decidiu apoiar o deputado estadual Yglésio Moisés (PRTB) na disputa.