O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão de Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) e um dos réus da investigação de suposta tentativa de golpe de Estado pós-eleições de 2022. Por meio do próprio advogado, Câmara teria se comunicado com Mauro Cid, delator do inquérito — o que desrespeita as medidas cautelares impostas por Moraes.
O militar integrava parte essencial da gestão Bolsonaro e foi um dos primeiros alvos das operações deflagradas pela Polícia Federal para apurar a trama. Segundo os policiais, o coronel liderou equipes de espionagem contra autoridades do Judiciário.
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Câmara no Exército sob Bolsonaro
O coronel da reserva Marcelo Costa Câmara atuou na gráfica do Exército e no gabinete de Enzo Peri, então comandante da corporação. A partir de 2019, início do mandato de Bolsonaro, o militar migrou para a sala da Presidência e integrou a equipe de ordens ao lado de Mauro Cid, trabalhando como um “assessor especial” do chefe do Executivo.
Desde o início das investigações sobre a trama golpista, Câmara foi considerado responsável por um “núcleo de inteligência” paralelo no governo. Esse grupo arquitetou um sistema complexo de monitoramento que tinha Alexandre de Moraes como principal alvo.
Sob comando do coronel, o núcleo monitorava agenda e deslocamentos aéreos do magistrado. As investigações acreditam que o objetivo final da vigia seria planejar a prisão de Moraes — plano descrito na versão final da minuta golpista.
No centro da trama golpista
Em 30 de dezembro de 2022, às vésperas do final de seu mandato, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em um avião que também transportou Câmara. Nenhum dos passageiros precisou apresentar passaporte, uma vez que utilizaram a aeronave oficial da Presidência.
No mês de maio de 2023, o coronel foi um dos alvos de operação da Polícia Federal para apurar uma suspeita de fraude nos cartões de vacina de Bolsonaro, seus familiares e assessores.
No mesmo ano, Câmara foi um dos assessores contratados para amparar o ex-presidente, chegando a receber um salário de R$ 11 mil para a função. Ele só saiu do cargo no ano seguinte, quando já fazia parte do grupo de investigados pela trama golpista.
Em fevereiro de 2024, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, derivada da delação de Mauro Cid. Com ela, o coronel e outros aliados foram presos preventivamente por suspeita de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e concurso material de delitos.