12/03/2024 - 11:34
Alguns documentos sigilosos que integram as investigações da Polícia Federal sobre o suposto uso do software espião FirstMile durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) mostram o atual diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, como objeto de ao menos quatro relatórios, sendo classificado em um deles como “investigado”.
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O jornal “Folha de S.Paulo” teve acesso aos documentos, que fazem parte da investigação sob relatoria do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Um dos relatórios trata especificamente de Corrêa e aponta que ele teria participado de reuniões no final de março até a primeira quinzena de maio de 2023 com a diretoria da Abin antes de ser nomeado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A corporação chegou até esse material após a primeira operação de busca, deflagrada em outubro de 2023, na qual foi apreendida uma agenda de anotações e a PF teve acesso a um grupo no WhatsApp que mostra reuniões e diálogos de Corrêa com outros integrantes da Abin.
Questionados sobre o ocorrido, Corrêa e a PF afirmaram que não iriam se manifestar sobre investigações em andamento.
Quem é o diretor-geral da Abin?
Formado em direito, Luiz Fernando Corrêa atuou como agente e é delegado aposentado da Polícia Federal. Na corporação, comandou diferentes delegacias até chegar ao posto de diretor-geral do Departamento de Polícia Federal em 2007, cargo que ocupou até 2011.
Além disso, Corrêa atuou como secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e diretor de Segurança nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
No dia 2 de março de 2023, o presidente Lula indicou formalmente Corrêa para o cargo de diretor-geral da Abin por meio de uma mensagem divulgada no Diário Oficial da União. Em maio ocorreu a sabatina dele no Senado e o decreto de nomeação foi publicado no dia 29 do mesmo mês.
Recentemente, em uma entrevista, o presidente Lula reafirmou a sua confiança em Corrêa. “O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2011, é pessoa que tenho muita confiança”, finalizou.