Karina Milei, secretária-geral da Presidência da Argentina e considerada a principal assessora do chefe de estado, se tornou alvo de acusações que a ligam a um esquema de corrupção na Andis (Agência Nacional da Pessoa com Deficiência). A Justiça do país iniciou uma investigação e realizou 16 buscas na sexta-feira, 22, após a divulgação de áudios vazados em que Diego Spagnuolo, ex-dirigente do órgão, faz referência a subornos e cita a irmã do presidente Javier Milei.
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Karina Milei é a irmã mais nova do presidente e trabalha com o político há mais de dez anos. O atual chefe de estado afirmou durante a eleição presidencial de 2023 que era ela quem aprovava toda a sua campanha.
Além de preparar a campanha, a irmã do candidato também escolhia as roupas de apresentação e acompanhava Milei pelo país. Karina é formada em Relações Públicas, com pós-graduação em eventos. A argentina gosta de confeitaria e chegou a ser vendedora de bolos.
Como secretária-geral da Presidência, Karina desempenha um papel central no governo de seu irmão, que costuma chamá-la de “o Chefe”. “Você sempre tem que ter alguém a quem se reportar. No meu caso, me reporto à minha irmã”, disse Milei ao jornal “La Nacion”, após ser eleito deputado, em 2021.
Envolvimento em esquema de corrupção
A investigação teve início após a divulgação de supostos áudios do ex-dirigente da Andis, Diego Spagnuolo, removido de seu cargo na quinta-feira, 21, nos quais faz referência a subornos e menciona Karina Milei.
As gravações relatam supostos pedidos de suborno e envolvem Karina Milei e o subsecretário de Gestão, Eduardo Menem. A veracidade dos áudios ainda não foi comprovada pela Justiça, mas até o momento, eles não foram desmentidos.
Segundo a denúncia publicada na imprensa, os áudios sugerem que Karina Milei e Menem “teriam participado em um esquema de cobranças e pagamento de propinas relacionados à compra e fornecimento de medicamentos com impacto direto nos fundos públicos”, o que, se comprovado, constitui crimes de corrupção, administração fraudulenta e associação ilícita, entre outros.
“Estão roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim. Tenho todos os WhatsApps de Karina”, escuta-se na voz atribuída a Spagnuolo no áudio que circulou na imprensa.
Foi apresentada uma denúncia à Justiça pelo advogado Gregorio Dalbón. O escândalo ocorre no momento em que o Congresso acaba de deixar sem efeito um veto de Milei a uma norma que declara emergência na área de Deficiência e destina mais fundos para o setor.
Foram realizadas 16 buscas em endereços ligados ao caso na sexta-feira, 22, incluindo uma conhecida farmácia cujo proprietário teve 266 mil dólares (R$ 1,5 milhão, na cotação atual) apreendidos.
Os áudios citam esta farmácia, uma das principais fornecedoras de medicamentos à Andis, como um dos estabelecimentos farmacêuticos que pagava os supostos subornos.
Também apreenderam celulares, computadores, documentos sobre compras e licitações de medicamentos, além de outros dispositivos eletrônicos para análise da Procuradoria que conduz a investigação liderada pelo juiz federal Sebastián Casanello.
*Com informações da Deutsche Welle e da AFP