 "Divulgação/Fundação Alexandre Gusmão")
Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro, foi acusado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de integrar o chamado “núcleo 2” da suposta tentativa de golpe de Estado, por ter auxiliado na criação de minutas para instituir Estado de Sítio e a aplicação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Ele nega as acusações.
No mês de fevereiro de 2024, Martins foi preso durante a Operação Tempus Veritatis e ficou detido por seis meses no Paraná por supostamente ter deixado o Brasil. Depois, passou a cumprir prisão domiciliar, em Ponta Grossa (PR).
O The Wall Street Journal defendeu, em editorial publicado no domingo, 27, a soltura de Filipe Martins.
No texto, o jornal menciona erros em registros do caso Filipe Martins no Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, sigla em inglês) dos EUA, em Orlando, na Flórida.
“Um tribunal brasileiro vem usando registros falsos do CBP para deter o Sr. Martins como um risco de fuga desde março de 2024 na investigação de um suposto golpe de Estado de Bolsonaro contra o presidente brasileiro Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva”, disse o editorial. “O Sr. Martins deveria estar em liberdade enquanto prepara sua defesa”, completou.
Em delação premiada à PF (Polícia Federal), Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente, teria relatado que Jair Bolsonaro (PL) supostamente recebeu das mãos de Filipe Martins uma “minuta do golpe” para convocar novas eleições após vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quem é Filipe Martins
Filipe Martins é conhecido como um extremista discípulo de Olavo de Carvalho, que morreu em 2022. Durante a gestão de Jair Bolsonaro, ele ocupou o cargo de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais.
Um caso emblemático envolvendo o ex-assessor ocorreu em março de 2021, quando ele teria feito o gesto “White Power” (Pode Branco) com as mãos durante uma sessão no Senado transmitida pela televisão. Esse gesto é usado pelos movimentos supremacistas brancos nos EUA.
Por conta disso, Filipe Martins chegou a ser denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal). Porém foi absolvido pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, por considerar que não houve justa causa para o ajuizamento da ação.
Durante as eleições de outubro de 2022, ele divulgou nas redes sociais os discursos bolsonaristas que tentavam colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. Após Jair Bolsonaro ter sido derrotado por Lula, o ex-assessor parou de realizar publicações.