O grupo rebelde sírio Hayat Tahrir al-Sham era um braço da Al Qaeda no território, mas rompeu laços em 2016 e evoluiu como a conhecida Organização para a Libertação do Levante, no ano de 2017, tendo como líder Abu Mohammed al-Jolani.
Jolani atuou como um jovem lutador da Al Qaeda contra os Estados Unidos no Iraque e, ao retornar à sua terra natal durante a guerra civil na Síria, passou a liderar o braço do grupo no país, sob o nome de Jabhat Al Nursa.
+ Após fim da ditadura Assad, qual será o futuro da Síria?
No ano de 2013, os Estados Unidos classificaram ele como terrorista ao afirmarem que estava na região para derrubar o governo de Bashar al-Assad para estabelecer a lei islâmica sharia e tinha realizado ataques suicidas que mataram civis.
Após o rompimento com a Al Qaeda, Jolani passou a usar o atual nome de guerra e trabalhou para distanciar o Hayat Tahrir al-Sham do antigo grupo. Mesmo assim, para os EUA, ainda se tratava de uma organização terrorista e colocaram uma recompensa de US$ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões, na cotação atual).
Tomada de poder
Bashar al-Assad passou a controlar a Síria no ano 2000. Desde o início, o al-Sham era uma das suas principais forças de oposição.
A insurgência no país cresceu rapidamente desde os primeiros ataques no final de novembro e, no dia 8 de dezembro deste ano, tomaram a capital da Síria, Damasco, e destituíram o governo de al-Assad, que fugiu de avião e atualmente estaria na Rússia, segundo agências de notícias.
Antes disso acontecer, Jolani concedeu uma entrevista à CNN afirmou que o Hayat Tahrir Al-Sham tem como objetivo criar um governo baseado em instituições e um “conselho escolhido pelo povo”. “As sementes da derrota do regime (de al-Assad) sempre estiveram dentro dele… os iranianos tentaram reviver o regime, ganhando tempo, e depois os russos também tentaram apoiá-lo. Mas a verdade permanece: este regime está morto”, completou.
Conforme os avanços do grupo pelas regiões do país, Jolani insistia que a população tinha pouco a temer. “Pessoas que temem a governança islâmica ou viram implementações incorretas dela ou não a entendem corretamente”, disse.
Ele ainda prometia uma transição para “um estado de governança, instituições e assim por diante”. Além de se esforçar para dizer publicamente aos cristãos e outras minorias religiosas e étnicas que viverão em segurança sob o novo governo.
“Houve algumas violações contra eles [minorias] por certos indivíduos durante períodos de caos, mas abordamos essas questões”, afirmou. “Ninguém tem o direito de apagar outro grupo. Essas seitas coexistem nesta região há centenas de anos, e ninguém tem o direito de eliminá-las”, completou.
Por fim, ele expressou o desejo de que forças dos EUA, Turquia, Rússia e Irã deixem o país. “Estamos falando de um projeto maior: construir a Síria. Hayat Tahrir al-Sham é meramente uma parte deste diálogo, e pode se dissolver a qualquer momento. Não é um fim em si mesmo, mas um meio para executar uma tarefa: confrontar este regime”, concluiu.