Um vídeo divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 17, mostra o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), de 46 anos, conhecido como “Delegado Da Cunha”, ameaçando e agredindo a ex-companheira Betina Grusiecki, de 28, no apartamento em que os dois moravam em Santos (SP), no litoral do estado.

No vídeo, que teria sido feito em 14 de outubro de 2023, é possível ver Da Cunha e Betina apenas algumas vezes, já que o celular responsável pela gravação estava escondido. Entretanto, o áudio revela ameaças do deputado federal, que chega a dizer “desmaia aí” para a vítima enquanto supostamente batia a cabeça da mulher na parede.

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Da Cunha se tornou deputado federal em 2022, quando disputou as eleições pelo PP e conquistou 181 mil votos. O indivíduo era conhecido pela produção de conteúdo policial nas redes sociais. Em seu canal no YouTube, o então delegado conquistou 3,6 milhões de inscritos.

A descrição do perfil implica que os vídeos publicados por Da Cunha representam a rotina da Polícia Civil de São Paulo no combate ao crime. Entretanto, em 2021, o parlamentar confessou ter encenado um sequestro em flagrante que foi publicado no YouTube.

As autoridades apuram uma série de produções do canal de Da Cunha em que ações policiais teriam sido encenadas. Uma das gravações teria sido forjada, foi a prisão de um suposto líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) que foi filmada e publicada nas redes sociais.

Em 2021, o então delegado foi afastado da atividade policial e no ano seguinte, o Conselho da Polícia Civil de São Paulo aprovou a demissão de Da Cunha após o agora deputado chamar os chefes da corporação de “ratos”. De acordo com as autoridades, as gravações que eram publicadas no YouTube não tinham autorização.

De acordo com as forças de segurança, Da Cunha pagava R$ 14 mil mensais a uma equipe de filmagem que o acompanhava nas gravações. Apesar de membros de tal grupo não pertencerem às autoridades, alguns deles teriam dirigido viaturas, tomado depoimentos em ocorrências, usaram roupas de agentes e ostentaram armas nas redes sociais.

Após dois anos, a arma e o distintivo de Da Cunha foram devolvidos pela Polícia Civil. Apesar disso, os processos do agente continuam em apuração por parte das autoridades competentes.

Supostas agressões

Em 14 de outubro do ano passado, dia do aniversário do deputado, Betina Grusiecki relatou ter sido agredida pelo parlamentar. Na ocasião, Da Cunha teria chegado alcoolizado na residência onde ambos viviam e uma discussão se iniciou entre os dois.

Na ocasião, a mulher afirma que foi ameaçada, enforcada e teve a cabeça batida contra a parede. Em vídeo gravado pela vítima e exibido pelo Fantástico, da TV Globo, é possível ouvir o deputado dizendo “Desmaia aí, desmaia aí”, enquanto supostamente pratica violência contra Betina.

Em 2016, a ex-mulher de Da Cunha registrou um boletim de ocorrência em que relatava ter sido ameaçada de morte pelo delegado. Na ocasião, o parlamentar teria afirmado que daria um tiro “no meio da testa” da ex-companheira em frente a filha do casal.

Além de tais agressões verbais, uma suposta agressão física ocorrida em uma rua contra a ex-mulher teria sido vista por testemunhas em 2014. Nenhum dos casos avançou na Justiça e a ex-companheira de Da Cunha não deu prosseguimento à denúncia, alegando que se tratavam de “brigas normais de um casal”.

Com relação à agressão relatada por Betina Grusiecki, após a suposta violência, Da Cunha teria ligado para a mãe da vítima no que seria uma tentativa de acobertar o caso. “Eu sei que eu tô errado. Pago a indenização. Pago o tratamento dela. Mas eu acho que não tem necessidade de a gente ir até o final”, afirmou o parlamentar em contato.

Ainda em tal ligação, o delegado reitera que a divulgação do vídeo gravado por Betina faria com que ele perdesse o mandato. “Vai acabar com a minha vida”. A defesa de Da Cunha declarou que a gravação não passou por perícia e as ameaças ocorreram em contexto de briga.

*Com informações do Estadão