O venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, vulgo “Carlos, o Chacal”, que será julgado novamente em Paris esta semana, é acusado de uma série de atentados que causaram um total de 16 mortos e quase 230 feridos na França entre 1974 e 1983.

– De Ilich Ramírez Sánchez a Carlos –

Ilich Ramírez Sánchez nasceu em 12 de outubro de 1949, em Caracas. Seu pai era um advogado comercial marxista que nomeou seus outros dois filhos de Lenin e Vladimir.

Aos 15 anos, ingressou no Partido Comunista Venezuelano, então clandestino. Depois, foi estudar em Moscou, na Universidade Patrice Lumumba.

No início de 1971 e depois de passar por um campo de treinamento na Jordânia, ingressou na Frente de Libertação da Palestina (FPLP), então liderada por George Habash.

Foi na FPLP que adotou seu nome de guerra, ‘Carlos’, a quem o jornal britânico The Guardian acrescentou o apelido de ‘o Chacal’.

– Sucessão de ataques –

Os serviços franceses encarregados de investigar as atividades da FPLP na França descobriram Carlos em 27 de junho de 1975, quando invadiram o apartamento de uma venezuelana por indicação de um informante libanês.

Em sua fuga, Carlos matou dois policiais parisienses e o libanês que o havia delatado.

Naqueles anos, ele esteve envolvido em uma série de ações, incluindo um ataque com granada na galeria Drugstore Publicis de Paris em setembro de 1974, que deixou dois mortos e 34 feridos.

Também esteve envolvido na tomada de reféns na embaixada da França em Haia e, posteriormente, em um ataque com mísseis ao aeroporto parisiense de Orly (janeiro de 1975), ou na supervisão do espetacular sequestro de ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em Viena, em dezembro de 1975.

Entre 1982 e 1983, “o Chacal” esteve por trás de outros quatro atentados a bomba na França, que deixaram 11 mortos e 191 feridos. Estes ataques foram lançados em um trem entre Paris e Toulouse; na rua Marbeuf, em Paris; na estação de Marselha; e em um trem de alta velocidade entre Marselha e Paris.

– Na prisão desde 1994 –

Depois de passar por vários países árabes e do Leste Europeu sob regime comunista, Carlos se estabeleceu em Damasco, em 1983.

Onze anos depois, em agosto de 1994, foi capturado por agentes secretos franceses no Sudão e levado para a França.

Os julgamentos se seguiram um após o outro.

Em dezembro de 1997, foi condenado à prisão perpétua pelo triplo homicídio durante sua fuga em junho de 1975.

Em dezembro de 2011, recebeu outra sentença de prisão perpétua pelos ataques de 1982-1983 e, em março de 2018, foi novamente condenado à prisão perpétua pelo ataque de 1974, na Drugstore Publicis.

Em novembro de 2019, o Tribunal de Cassação anulou parcialmente esta última condenação e ordenou a realização de um novo processo para determinar a duração da pena, mantendo, no entanto, o veredicto de culpado sobre os assassinatos e tentativas de assassinato. Este processo acontecerá de 22 a 24 de setembro em Paris.