O cardeal Giovanni Angelo Becciu, de 76 anos, foi condenado a perda de suas funções no cargo após ter seu nome ligado a acusações de nepotismo, corrupção e propinas. O sacerdote afirma ser inocente e, agora, reivindica o direito de votar no conclave que elegerá o próximo papa, após a morte de Francisco no dia 21 de abril.
Becciu foi ordenado padre em 1972 e teve uma longa carreira diplomática. Em maio de 1984, ingressou no serviço diplomático vaticano, e participou de representações papais na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e Estados Unidos. Sob o papado de João Paulo II, foi o único apostólico (representante diplomático do Vaticano) em Angola, São Tomé e Príncipe.
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Com Bento XVI, tornou-se anunciado em Cuba. No ano de 2021, assumiu a Secretaria de Estado como substituto, cargo mantido por Francisco até 2018, quando foi nomeado cardeal e, no ano seguinte, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Contudo, Becciu foi acusado de usar fundos da Igreja Católica para a compra de um prédio em Londres, Inglaterra, e precisou comparecer ao tribunal do Vaticano, a Justiça civil da Cidade-Estado.
O julgamento durou mais de dois anos e, em 2023, resultou na condenação de cinco anos e meio de prisão e inelegibilidade para cargos públicos. Além disso, o cardeal foi multado em 8 mil euros (cerca de R$ 43 mil). No ano de 2020, em meio às investigações, o papa Francisco aceitou a renúncia de Becciu aos direitos cardinais, mas manteve o título dele.
Retorno ao Vaticano
Agora o cardeal ensaia um retorno ao Vaticano a partir do novo conclave. Segundo ele, como Francisco manteve o título dele, é uma prerrogativa da função participar da votação para a escolha do novo líder religioso.
“Referindo-se ao último consistório, o papa confirmou minhas prerrogativas cardinais intactas, já que não houve vontade explícita de me excluir do conclave nem solicitação de minha renúncia por escrito”, disse, em entrevista ao jornal Unione Sarda.
A reivindicação de Becciu será analisada pela Congregação Geral do Cardeais. O cardeal segue insistindo na sua inocência e na ideia de um suposto induto concedido pelo papa Francisco.
Apesar dos processos, em 2021 o papa celebrou a Missa da Ceia do Senhor na capela privada de Becciu, onde tradicionalmente almoçava com padres romanos.