Gilberto Gil e Chico Buarque, através da Sony Publishing, notificaram a gravadora da ex-baixista da banda Pixies, Paz Lenchantin, por suposto plágio da canção Cálice, composta pelos músicos e lançada em 1979. A informação foi confirmada pela IstoÉ com a assessoria de imprensa de Gilberto Gil.
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A canção acusada é o primeiro single do álbum Triste, primeiro lançado por Lenchantin após sua saída da banda Pixies. Batizada de Hang Tough, foi publicada no YouTube na última segunda-feira, 18. Na descrição do vídeo, aparece escrito em inglês: “escrita por Paz Lenchantin”. Brasileiros encheram a sessão de comentários com queixas sobre o suposto plágio.
No site de sua gravadora, Paz Lenchantin conta sobre a produção do novo álbum: “Eu tive que fazer este disco sozinha não para provar nada, mas apenas para ter fé que a música poderia me nutrir de volta”. Na gravação da canção acusada de plágio, há participações de seus ex-colegas de banda do A Perfect Circle, Josh Freese (bateria) e Troy Van Leeuwen (guitarra).
Cálice é um dos maiores sucessos de ambos os cantores brasileiros, sobretudo devido a seu contexto político. O nome da canção evoca o duplo sentido com a palavra “Cale-se” para criticar a censura da Ditadura Militar.
Compare as músicas
Quem é Paz Lenchantin, ex-baixista do Pixies acusada de plágio
Paz Lenchantin nasceu em Buenos Aires em 1973, porém se mudou com a família para os Estados Unidos aos quatro anos. Ela é fluente em inglês e espanhol. Ao longo de mais de três décadas, ela trabalhou em bandas A Perfect Circle, The Entrance Band e Zwan, esta última um projeto do líder do Smashing Pumpkins, Billy Corgan. Também tem contribuições com Queens of the Stone Age e Silver Jews.
Sua passagem mais notória, no entanto, foi pelo Pixies, no qual ingressou em 2014. Influente banda de rock alternativo formada em Boston no final da década de 1980, o grupo alcançou grande sucesso ao combinar a agressividade do punk rock e o ruído das guitarras com melodias pop cativantes.
A trajetória de Paz Lenchantin cruzou com a do Pixies pela primeira vez na década de 1990, a convite do guitarrista Joey Santiago para uma turnê com seu projeto paralelo, The Martinis. Quase duas décadas depois, ela ficou sabendo pelo baterista Josh Freese que a banda estava fazendo testes para um novo baixista. Embora a vaga tenha sido inicialmente preenchida por Kim Shattuck, que havia substituído a baixista original, Kim Deal. O grupo acabou recrutando Lenchantin poucos meses após a primeira escolha.
Como baixista, Lenchantin contribuiu com três álbuns de estúdio do Pixies: Head Carrier (2016), Beneath the Eyrie (2019) e Doggerel (2022). Em 2024, a revista Consequence chegou a elegê-la a 75ª melhor baixista de todos os tempos.
Em março de 2024, Pixies anunciou que a baixista sairia da banda “para se concentrar em seus próprios projetos”. Em entrevista à Rolling Stone, Lenchantin expôs que a saída do grupo não foi escolha sua. “Minha saída é um pouco surpreendente para mim, assim como é para muitos, mas parece que eles têm um plano sólido traçado, o que, por sua vez, me empurrou para seguir em frente para novos projetos com os quais estou animada”, disse.
Antes de ingressar no Pixies, Paz Lenchantin lançou dois álbuns solo de pouco sucesso: Yellow My Skycaptain (2000) e Songs for Luci (2006). O grupo no entanto catapultou a musicista para a fama e criou assim grande expectativa para seu novo álbum.
Triste é descrito no site da gravadora como “um álbum de 12 faixas que mistura texturas do folk latino com estruturas do rock americano, trazendo Paz no piano e adicionando seus arranjos de cordas característicos em torno das raízes de banda de rock de onde ela veio”.
Paz Lenchantin assina todas as composições de seu novo álbum. A mixagem é de Chris Coady (Beach House, Yeah Yeah Yeah’s). A data de lançamento prevista é 17 de outubro.