SÃO PAULO, 19 FEV (ANSA) – Primeiro a morte do ex-marido, depois a do namorado, sempre com o envolvimento de supostos amantes em crimes pensados para parecer falecimentos ao acaso.
Eis um breve resumo das acusações de homicídio contra a brasileira Adilma Pereira Carneiro, 49, na Itália.
Apelidada pela imprensa local de “louva-a-deus” – inseto cuja fêmea mata o macho após copular -, ela já havia cumprido pena no país por tráfico de drogas, ao ser flagrada com 13 quilos de cocaína. Para as autoridades, ainda existem muitos pontos na história da “louva-a-deus de Parabiago” que permanecem um mistério, a começar pelos muitos homens com quem ela se relacionou e dos quais teria tido nove filhos.
Seu último namorado, Fabio Ravasio, 52, morreu atropelado quando andava de bicicleta em 9 de agosto de 2024, na cidade de Parabiago, província de Milão, Lombardia. Para o Ministério Público, no entanto, não se tratou de um mero acidente de trânsito, mas de um assassinato encomendado por Adilma, cujo julgamento, com outros sete cúmplices, teve início no último 27 de janeiro.
Segundo as investigações, o crime envolveu o atual marido da brasileira, Marcello Trifone, de quem ela nunca se divorciou oficialmente; o mecânico e amante da acusada, Fabio Oliva; um filho dela, Igor Benedito; o namorado de uma filha de Adilma, Fabio Lavezzo; o garçom Massimo Ferretti; além de Mirko Piazza e Mohamed Daibi.
No carro estavam os todos os réus, com exceção de Piazza, que avisou o motorista sobre a vinda de Ravasio, e de Daibi, que se jogou no chão para fingir um mal-estar, atrapalhar o trânsito e facilitar a fuga do veículo dirigido por Benedito.
De acordo com o MP, a mulher, que teria planejado o assassinato durante meses, queria ficar com o patrimônio de seu namorado, avaliado em cerca de 3 milhões de euros, entre propriedades e um comércio na cidade de Magenta, também na região da Lombardia. Ela alega inocência.
Enquanto Adilma e seus cúmplices são julgados pelo caso de Parabiago, a Justiça reabriu a investigação sobre a morte de um ex-marido da brasileira, Michele Della Malva, em dezembro de 2011. De acordo com o MP, o falecimento do homem, inicialmente atribuído a um infarto, pode ter sido provocado por envenenamento.
A promotoria acusa o ex-cunhado da vítima e suposto amante de Adilma na época, Maurizio Massè, de ter cometido o crime a mando da “louva-a-deus”. Ambos estão presos e alegam inocência. “Minha cliente rechaça as acusações”, disse nesta quarta-feira (19) o advogado da brasileira, Edoardo Rossi, que também a defende no “caso Ravasio”.
Adilma e Della Malva se conheceram em 2006, quando ambos estavam encarcerados, no âmbito de um projeto de ressocialização de detentos: o italiano, ligado à máfia na região da Puglia, cumpria pena de 29 anos por duplo homicídio, enquanto a brasileira descontava quatro anos por tráfico internacional de drogas. Após ganharem a liberdade, eles se casaram e tiveram trigêmeos. (ANSA).