SÃO PAULO, 24 OUT (ANSA) – Um áudio revelado pelo jornal “O Globo” nesta quarta-feira (23), referente a uma conversa de Whatsapp, indicou que o ex-assessor parlamentar e ex-policial Fabrício Queiroz continua tendo influência política e negociando cargos no Legislativo. No diálogo, Queiroz afirma a um interlocutor que as indicações poderiam ser feitas por meio de comissões ou em gabinetes de outros parlamentares. “Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado… Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada”, disse. Vinte continho pra gente caía bem, pra c…, caía bem pra c… Não precisa vincular a um nome”, emendou. Queiroz foi exonerado em outubro do ano passado do gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. O áudio, porém, é datado de junho de 2019, segundo a reportagem, que não revelou o nome de quem recebeu a gravação. Ainda de acordo com o jornal “O Globo”, Queiroz ainda sugeriu que o interlocutor procurasse parlamentares que frequentam o gabinete de Flávio para tratar das nomeações.   

“Pô, cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá, pessoal pra conversar com ele. Faz fila. P…, é só chegar, meu irmão: ‘Nomeia fulano aí, para trabalhar contigo’. Salariozinho bom desse aí cara, pra gente que é pai de família, p…, cai como uma luva (sic)”, completa.   

Procurado pelo jornal, Queiroz afirmou em nota que ainda mantém influência por ter “contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro”.   

Em comunicado, Flávio Bolsonaro, por sua vez, negou que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que ainda mantém contato com ele. Hoje (24), durante sua visita a Pequim, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre o áudio. “O Queiroz cuida da vida dele e eu cuida da minha”, rebateu Bolsonaro, ressaltando que não ouviu a conversa. O Ministério Público do Rio investiga Queiroz por suposta prática de “rachadinha” – quando os servidores comissionados devolvem parte do salário. O ex-policial trabalhou no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de 2007 a 2018 e emplacou sete familiares na estrutura. (ANSA)