Que o senador Flávio Bolsonaro comandava um esquema criminoso em seu gabinete na Alerj (a assembleia fluminense), quando deputado estadual no Rio de Janeiro, pouca gente intelectualmente honesta e com mais de dois neurônios ativos duvida.

São tantos e tamanhos os indícios, desde os depósitos fracionados de dois mil reais às vendas recordes de panetones, em dinheiro vivo, além das fantásticas transações imobiliárias, que só faltava a chamada “cereja do bolo” para o círculo se fechar.

Eis que, nesta quinta-feira (18), a cereja apareceu. Ou melhor, um pé inteiro. Daqueles bem carregados e frondosos. Fabrício Queiroz, o ex-assessor e suposto operador do esquema de rachadinha de Flávio, foi encontrado escondido em um imóvel em Atibaia (eita, Atibaia!), de propriedade do advogado da família Bolsonaro.

Por que diabos estava mocado no cafofo? A pedido ou ordem de quem? Flávio sabia? Jair sabia? O advogado recebeu por isso? Não são poucos os esclarecimentos que se fazem e se farão cada vez mais necessários. Principalmente diante das mentiras recentemente contadas pelo doutor e ratificadas por seus clientes: que desconheciam o paradeiro do Queiroz.

O caso andava meio esquecido. Salvo as duzentas mil negativas do STF, a pedido do senador e do advogado-que-esconde-suspeito, para a suspensão do inquérito que corre naquela Suprema Corte, quase nada ouvia-se falar do assunto. Talvez não houvesse hora melhor e mais oportuna. Digo por quê:

Nas últimas semanas, e mais precisamente nos últimos dias, as ameaças do presidente e de seus ministros militares, na direção de um autogolpe, atingiram o ápice.

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Ainda que muito pouco provável, visto que teriam que combinar com o restante das Forças Armadas e com a maioria absoluta dos prefeitos de 5.700 municípios e governadores de 27 estados, 81 senadores, 513 deputados, sei lá quantos vereadores e deputados estaduais, juízes, desembargadores, ministros das altas cortes, policiais civis e militares por todo o Brasil, e principalmente com dezenas de milhões de cidadãos, a sombra de uma nova ditadura militar pairava sobre o noticiário nacional.

Talvez os protogolpistas militares não se lembrassem do caso Queiroz. Agora que a prisão do moço lhes refrescou a memória, será que pensarão um pouco mais, daqui em diante, antes de fiarem novas ameaças em nome de um presidente pato-manco? Será que têm em mente a correlação direta que se fará entre seus nomes limpos e os de corruptos petequeiros? Será que encontrarão nas próprias consciências alguma desculpa que ainda justifique o apoio inconstitucional a um ex-deputado (hoje, o chefe do Executivo), potencial praticante de rachadinha?

Sinceramente, tenho minhas dúvidas. E espero que o trio Mourão-Heleno-Azevedo também as tenham, daqui em diante.


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