Em nossa meninice somos ensinados que uma das melhores profissões a se seguir na vida adulta é a de médico. Olhar para aquela pessoa no consultório, vestida com um avental branco, de olhar sereno, com fala pausada em baixo tom de voz, transmite um certo alívio. Mesmo após uma rápida consulta, o médico consegue passar seriedade e conforto ao doente. É como se fosse um bálsamo, afinal de contas, trata-se de uma pessoa que decidiu dedicar a sua vida para salvar a vida de outras pessoas.

Porém, no caso brasileiro, o destino foi traiçoeiro e nos pregou uma peça. Marcelo Queiroga, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, representa exatamente o contrário de todas as qualidades que o profissional, médico, deveria ter. Como ministro da Saúde Queiroga é capaz de causar infindáveis confusões, além de demonstrar nervosismo e chiliques no contato com a imprensa. Entre seus erros, deixar faltar vacinas em plena pandemia é um dos mais graves; ele também se equivocou quando colocou a médica Luana Araújo à frente da Secretária Extraordinária de Enfrentamento a Covid-19, pensou tratasse de uma profissional seria coniventes a curandeirismos a base de cloroquina e vermífugo. Falhou e foi obrigado a demiti-la; tirou, sabe-se lá de qual farmacopeia, a ideia de que era necessário interromper urgentemente a imunização de jovens de doze a dezessete anos, o que causou confusão na cabeça dos pais.

Não contente com essa série de absurdos, o médico resolveu, nos EUA, ser mais Bolsonaro que o próprio. Ao ser criticado por manifestantes que estavam na rua, o valentão Queiroga, de dentro de um ônibus, fez gestos obscenos pelo vidro. Punido pelo destino, o ministro da Saúde foi pego pelo coronavírus e acabou ficando de quarentena, em Nova York, chupando o dedo que mostrou. O que se pode tirar da gestão Queiroga é que ele não serve de exemplo para as crianças, dado que a única semelhança que tem a um médico de verdade, é que veste um avental branco.