SÃO PAULO, 05 SET (ANSA) – A comissária da União Europeia para Comércio, Cecilia Malmstrom, alertou nesta quarta-feira (4), em discurso em Bruxelas, que a postura do governo do Brasil em relação às queimadas na Amazônia pode “complicar” o processo de ratificação do acordo com o Mercosul.   

Tida como uma das mais poderosas integrantes da Comissão Europeia, poder Executivo da UE, a sueca disse que o bloco fez questão de inserir cláusulas ambientais em tratados comerciais, como forma de obrigar os países signatários a respeitarem o Acordo de Paris sobre o Clima, firmado em 2015.   

“Por isso nosso recente acordo com os quatro Estados do Mercosul é tão importante. Ele vincula esses quatro países à UE no momento em que os EUA deixaram o Acordo de Paris e encorajam outros a fazerem o mesmo”, disse Malmstrom, durante evento promovido por um think tank em Bruxelas.   

“No entanto, há vezes em que a evidência está bem na frente de nossos olhos. Todos nós vimos os relatórios das últimas semanas sobre os incêndios na Amazônia. Isso é profundamente preocupante, a Amazônia fornece boa parte do oxigênio mundial e precisa ser protegida”, acrescentou.   

Segundo a comissária de Comércio, o acordo entre União Europeia e Mercosul pode ser parte da solução para o problema. “Mas quero deixar muito claro que esperamos que o Brasil cumpra seus compromissos em termos de desmatamento. Não são apenas palavras vazias. Infelizmente, as coisas parecem ir na direção errada – e se continuar assim, isso pode complicar o processo de ratificação na Europa”, alertou.   

O Brasil vem sendo pressionado por países europeus por conta do aumento das queimadas na Amazônia, que em agosto atingiram o maior número para o mês desde 2010, com 30,9 mil focos de incêndio. A pressão é capitaneada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que já ameaçou não aprovar o acordo com o Mercosul caso o governo Bolsonaro não atue para conter o desmatamento.   

Ao assinar o Acordo de Paris, em 2015, o Brasil, ainda sob a gestão de Dilma Rousseff, prometeu eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. (ANSA)