26/08/2024 - 11:13
Os incêndios que atingiram o interior de São Paulo provocaram mortes, o bloqueio total ou parcial de rodovias que cortam o Estado e restrição de atividades em aeroportos. O governo paulista decretou, na sexta-feira, 23, emergência em alguns municípios. Até o momento, três suspeitos de provocar queimadas foram presos.
Na manhã desta segunda-feira, 26, a Defesa Civil do Estado afirmou que não há mais registro de focos ativos de incêndios, mas 48 municípios permanecem em alerta máximo para queimadas. Estradas estaduais estão liberadas e algumas escolas técnicas (Etecs) da região de Ribeirão Preto e Franca terão aulas remotas. O fogo já atingiu mais de 34 mil hectares.
Veja a seguir o que se sabe até agora:
Como começaram os incêndios?
O Estado vem sofrendo com incêndios florestais que avançam pelas cidades, causando bloqueios de estradas e interrompendo operações em aeroportos. Somente na sexta-feira, 23, o Estado São Paulo registrou 1,8 mil focos de incêndio, número recorde desde os inícios das medições em 1998, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou, no domingo, a prisão de três suspeitos de atear fogo em áreas rurais da região – um em São José do Rio Preto, outro em Porto Ferreira e um terceiro em Batatais.
A Polícia Civil diz estar mobilizada para investigar todas as ocorrências de incêndio criminoso no Estado.
Como foram as prisões?
A primeira prisão ocorreu na manhã de sábado, 24, em São José do Rio Preto. O suspeito é um idoso de 76 anos, detido por policiais militares após atear fogo em lixo, em uma área de mata no bairro Jardim Maracanã. O homem foi denunciado por uma moradora, que presenciou a cena e acionou os agentes.
A outra prisão aconteceu na manhã deste domingo, 25, em Batatais. O suspeito foi flagrado com um galão de gasolina. O homem preso tem 42 anos e faz parte de uma facção criminosa.
A terceira prisão, informada na manhã desta segunda-feira, foi registrada em Porto Ferreira. Ainda não há detalhes sobre o detido.
Quais as ações adotadas pelo governo estadual?
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou que a Defesa Civil de São Paulo instaurasse um Gabinete de Crise Emergencial. “Incêndios florestais podem atingir grandes áreas de vegetação natural. Com as rajadas de vento, o fogo pode se alastrar rapidamente”, disse o governo. Também foi enviada ajuda humanitária para desabrigados.
O governo monitorou a situação durante o fim de semana, em ação que integra a Operação SP Sem Fogo. O trabalho teve participação de técnicos da Defesa Civil do Estado e das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento e de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). O governador sobrevoou as regiões afetadas no fim de semana.
A situação crítica levou a interdições totais e parciais de rodovias no Estado e impactam o tráfego em diferentes regiões. No momento, todas as estradas estão liberadas.
As aulas desta segunda-feira nas escolas da rede estadual estão mantidas, após avaliação da Secretaria de Estado da Educação e da Defesa Civil do Estado. As Etecs de Ribeirão Preto, Serrana, São Joaquim da Barra, Classe descentralizada de Morro Agudo, Batatais, Miguelópolis, Franca e Igarapava e na Fatec de Jaboticabal terão aulas remotas.
O governador decretou situação de emergência, por 180 dias, nas áreas de 45 municípios paulistas em razão das ocorrências de incêndios florestais entre 4 e 24 de agosto. O decreto 68.805/2024 foi publicado na edição de sábado do Diário Oficial do Estado.
Quantas pessoas morreram?
Dois homens, funcionários de uma usina em Urupês, região metropolitana de São José do Rio Preto, morreram enquanto atuavam no combate às chamas do incêndio, informou o governo.
De acordo com a Secretária de Segurança Pública, as vítimas tentavam apagar um incêndio em uma usina perto do parque ecológico da cidade quando perderam o controle do caminhão que conduziam, na Estrada Municipal Urupês-Irapuã.
O problema provocou o vazamento de combustível, que resultou no incêndio do veículo. Os dois funcionários tinham 30 e 47 anos, e eram das cidades de Irapuã e José Bonifácio, respectivamente.
O que tem feito governo federal?
As causas dos incêndios também estão sob investigação das autoridades federais. O governo Luiz Inácio Lula da Silva suspeita que os incêndios possam ter sido causados por uma coordenação criminosa, o que será objeto de investigação pela Polícia Federal (PF). Um inquérito foi instaurado ainda no domingo para apurar as causas das queimadas.
“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista coletiva no domingo, em Brasília.
“Trata-se de uma ação criminosa de quem está ateando fogo criminosamente. É uma guerra contra o fogo e contra a criminalidade”, afirmou a ministra.
Atualmente, a PF está conduzindo investigações em várias regiões do Brasil para identificar os responsáveis pelos incêndios.
SP tem maior nº de queimadas desde 1998
O número de focos de incêndio registrados em agosto no Estado é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram a ser computados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os 23 dias de agosto somam 3.175 ocorrências, o que é quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no Estado (1.666).
Como estão as regiões afetadas
Moradores da região de Ribeirão Preto, incluindo cidades como Sertãozinho e Jaboticabal, registraram cenas de fumaça escura e densa, que tomou o céu dos municípios. Nas redes sociais, usuários também comentaram sobre a situação.
“Ribeirão Preto e região está assim: tomada de fumaça, incêndios e com o vento a situação tá se agravando. É desesperador”, escreveu uma usuária no X (antigo Twitter).
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) classificou a situação como “fora do comum”, mas afirmou que os planos de contingência elaborados em anos anteriores, justamente para o enfrentamento de episódios de seca e queimadas, ajudaram a cidade a mitigar os efeitos do fogo.
Quais os riscos à saúde?
As queimadas emitem fumaça densa e tóxica que prejudica o meio ambiente e a saúde humana, causando problemas ao sistema respiratório e desordens cardiovasculares.
Entre as recomendações do Ministério da Saúde estão o aumento da ingestão de água e de líquidos, como medida para manter as membranas respiratórias úmidas e, dessa forma, ficarem mais protegidas. O tempo de exposição deve ser reduzido ao máximo, devendo manter a permanência em local ventilado dentro de casa, se possível com ar condicionado ou purificadores de ar.
É recomendável ainda a utilização de máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas para diminuir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem perto das áreas de focos de queimadas. A medida reduz o desconforto das vias aéreas superiores.
O que fazer em caso de perigo?
As autoridades recomendam que, se avistar um foco de incêndio ou fumaça em grande intensidade, deixar o local imediatamente, abrigar-se e informar o Corpo de Bombeiros (193) e a Defesa Civil (199).
Cidades em estado de alerta máximo
– Alumínio
– Araraquara
– Bernardino de Campos
– Boa Esperança do Sul
– Dourado
– Iacanga
– Itápolis
– Itirapina
– Jaú
– Lucélia
– Monte Alegre do Sul
– Monte Azul Paulista
– Nova Granada
– Piracicaba
– Pirapora do Bom Jesus
– Pitangueiras
– Poloni
– Pompeia
– Pontal
– Presidente Epitácio
– Sabino
– Salmourão
– Santo Antônio da Alegria
– Santo Antônio do Arancanguá
– São Bernardo do Campo
– São Simão
– Sertãozinho
– Taquarituba
– Torrinha
– Ubarana