Depois de oscilar alguns meses levemente entre baixas e altas, a queda forte e generalizada de 2,2 pontos na Confiança da Indústria, medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), de dezembro é um resultado muito negativo. Essa é a avaliação da coordenadora da Sondagem da Indústria do Ibre/FGV, Tabi Thuler Santos. O dado desfavorável indica que o primeiro trimestre de 2017 será ainda muito ruim para o setor, sinalizou a economista.

De acordo com ela, a desvalorização cambial no início do ano e redução no ritmo de produção ajudaram a indústria a adequar os estoques, o que contribuiu para a diminuição do pessimismo dos empresários no segundo semestre. Dessa forma, a confiança começou a crescer baseada na expectativa de que a demanda interna voltaria a se aquecer no curto prazo. Mas, como isso não aconteceu, o indicador retornou ao terreno negativo.

“A indústria ficou em compasso de espera no decorrer do segundo semestre, aguardando uma melhora na situação atual. Mas o mercado interno continuou muito fraco e a indústria voltou para um ambiente muito ruim. Agora a expectativa é que a indústria comece o ano com produção, emprego, demanda e ambiente de negócios fracos”, resumiu a coordenadora da pesquisa.

Por isso, Tabi sinalizou que a indústria não tem condição de melhorar no primeiro trimestre. Ela considerou, no entanto, que só pelo dado de dezembro não há como determinar uma tendência de retração na confiança nos próximos meses. Tabi ainda disse que os indicadores de confiança fazem uma análise de curto prazo, por isso, não é possível traçar o cenário industrial para todo o ano que vem.

Mesmo assim, a coordenadora da pesquisa disse que o nível recorde de ociosidade atingido em dezembro (72,5%) e as incertezas políticas e econômicas, especialmente com as revisões para baixo do PIB de 2017, dificultam muito o investimento produtivo na indústria no ano que vem.

“O indicador de confiança alimenta as reduções nas projeções de PIB, que, por sua vez, contaminam ainda mais o ambiente de pessimismo e diminuem a disposição para investimentos. É um ciclo vicioso negativo”, disse.

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A grande incerteza, segundo Tabi, também pode levar os empresários a errarem mais uma vez o planejamento de produção. Dessa forma, os estoques podem voltar a se acumular. “De maneira geral, o indicador encerra o ano com uma notícia muito negativa.”


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