Queda de balão mata mulher e levanta perguntas sobre segurança

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Um passeio de balão em Boituva (SP) no Dia dos Namorados terminou em tragédia com a morte da psicóloga Juliana e 11 feridos Foto: Reprodução/TV Globo

O que era para ser uma celebração de amor e alegria terminou em tragédia na manhã do último domingo, dia 15, em Boituva, interior de São Paulo. Um balão com 33 passageiros caiu violentamente por volta das 7h, matando a psicóloga Juliana, de Pouso Alegre (MG), e ferindo outras 11 pessoas. A cidade, conhecida como a Capadócia Brasileira por seus tradicionais voos turísticos de balão, volta ao centro das atenções por mais um acidente grave.

De acordo com o programa Fantástico, da TV Globo, Juliana participava do passeio ao lado do marido, Leandro de Aquino Pereira, e de outros familiares para comemorar o Dia dos Namorados. Imagens feitas a bordo mostram o clima festivo: abraços, sorrisos e até um pedido de casamento durante o voo. Mas a atmosfera de encantamento se transformou em pânico em questão de minutos.

De acordo com relatos, o balão da empresa Aventurar decolou às 6h45, mesmo com ventos fortes sendo registrados antes do embarque. O piloto Fábio Salvador Pereira garantiu que as condições eram seguras. No entanto, o cenário mudou rapidamente. “O menino que estava com ele estava muito nervoso. Ele estava branco, com os olhos arregalados. E foi momento de caos ali em cima”, contou Gabrielle.

Durante a tentativa de aterrissagem, o balão desceu descontrolado, quicando sobre laranjais e derrubando árvores. Juliana foi socorrida com vida, mas não resistiu aos múltiplos ferimentos. Leandro, visivelmente abalado, lamentou: “Ela foi o meu passado. Ela era o meu presente. E o futuro estava com ela”.

O piloto foi preso em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e alegou ter sido surpreendido pelas rajadas de vento. A Polícia Civil também investiga Miguel Antônio Burder Leiva, dono da empresa Aventurar. Segundo o delegado Luiz Henrique Soubhia Nunes, a empresa só possuía autorização para realizar voos privados, não comerciais. “Não me parece que este voo fretado, com 33 pessoas dentro do cesto, estivesse dentro das atribuições de voo privado”, declarou.

Essa não é a primeira vez que a empresa é alvo de investigações. Em 2022, um balão de propriedade de Leiva caiu em Porto Feliz (SP), deixando nove pessoas feridas. O caso ainda está sendo julgado. Apesar do histórico, o Fantástico revelou que a Aventurar continuava oferecendo passeios mesmo após a interdição de sua sede pela prefeitura de Boituva.

Em resposta ao acidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que os voos de balão são considerados atividades aerodesportivas, de alto risco, e que ocorrem por conta e risco dos envolvidos. Três dias após a tragédia, a prefeitura de Boituva passou a exigir comunicação prévia de voos com pelo menos quatro horas de antecedência.

Na quinta-feira seguinte ao acidente, a equipe do Fantástico voltou ao local. Com clima mais estável, 13 balões decolaram normalmente, desta vez com equipamentos de monitoramento climático em tempo real. O piloto William Aguilar destacou a importância da segurança: “Voar é um prazer que a gente não consegue explicar, mas com certeza tem que ser feito com segurança”.

Agora, os familiares das vítimas cobram justiça e fiscalização mais rigorosa. “Foi em 2022, foi agora em 2025… e o próximo ano? Vai matar todo mundo? Que horas que para?”, desabafa Gabrielle. Leandro, viúvo de Juliana, reforça: “Se no Brasil existir ainda um pouco de justiça, que ela seja feita”.

A tragédia reacende o debate sobre a regulamentação e segurança dos voos turísticos no País — e deixa uma cidade marcada pela beleza dos céus sob um clima de luto e cobrança.