Informações obtidas com a quebra do sigilo telefônica do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias evidenciaram inúmeros contatos com uma empresa investigada pela CPI da Covid, conforme apuração do jornal O Globo.

Além de ligações telefônicas, o ex-diretor ainda trocou mensagens de texto com políticos da base do governo de Jair Bolsonaro. Os dados que estão sendo apurados pela CPI são parte de uma investigação que analisa as possíveis irregularidades em contratos celebrados durante a pandemia.

Segundo os registros, Dias teria conversado com Andreia Lima, CEO da VTC Operadora Logística, em 135 ligações. Foram 129 ligações recebidas por Roberto de uma linha de telefone celular utilizada pela executiva, enquanto ele realizou seis ligações para a CEO. Ao todo, as conversas somam quatro horas e dezoito minutos.

A VTC está responsável no momento pela distribuição e armazenamento de equipamentos e insumo para vacinas comprados pelo Ministério da Saúde.

Suspeita sobre a VTC

A CPI da Covid investiga os motivos pelos quais os vínculos entre Ministério da Saúde e VTC aumentaram 70% após a pasta ser comandada pelo atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-RR). Foram R$ 257 milhões, deste montante apenas R$ 4 milhões contaram com licitações.

Outro ponto revelado pelo Jornal Nacional aponta que Dias permitiu o pagamento de um aditivo de R$ 18 milhões à VTC Log, o que representou um acréscimo de 1.800% do recomendado pelo equipe técnica da pasta.

Em um dos casos analisados, em 21 de outubro de 2020, a VTC Log enviou ao ministério uma cobrança de R$ 53 milhões, valor no qual se transformou em janeiro deste ano para R$ 55 milhões. Em 16 de fevereiro, a fatura sofreu nova atualização para R$ 57 milhões. Todas as mudanças de valores ocorreram após contatos entre Andreia Lima e Roberto Dias.