A quebra de sigilo bancária e fiscal do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, dono do canal de YouTube Terça Livre, mostra que ele enviou aos EUA ao menos R$ 109,3 mil, em três remessas entre abril e maio deste ano. As informações são da colunista Juliana Dal Piva, do UOL.

Esses valores constam em documentos obtidos pela colunista com exclusividade e que foram encaminhados à CPI da Covid nos últimos dias.

Allan se tornou alvo da quebra de sigilo por suspeitas de que ele tenha obtido recursos públicos para apoiar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com a divulgação de informações falsas sobre o isolamento social e sobre as vacinas contra a Covid-19.

De acordo com a reportagem, a primeira remessa foi realizada em 7 de abril, quando o blogueiro enviou R$ 51,2 mil aos EUA, US$ 9 mil na ocasião. No dia 16 de abril, ele realizou um novo envio, de R$ 36,8 mil (US$ 6,5 mil). E a terceira remessa foi realizada em 10 de maio, no valor de R$ 21,2 mil (cerca de US$ 4 mil).

Allan informou “ser o titular e/ou beneficiário final efetivo de todos os valores e investimentos movimentados”, e que a origem do dinheiro vem de “renda, faturamento e patrimônio”. No entanto, os documentos não confirmam a origem dos valores, de acordo com a colunista.

Em nota, o site Terça Livre disse que “o jornalista Allan dos Santos atualmente exerce a função de correspondente internacional do Terça Livre TV nos Estados Unidos, o que implica que o Terça Livre custeie elevadas despesas com a conversão em dólar. Assim, são necessárias remessas de valores do jornalista de sua conta bancária pessoal no Brasil para a sua conta americana, operações que foram todas elas devidamente declaradas às autoridades fiscais e financeiras do Brasil”.

Nesta quarta, Allan dos Santos foi denunciado pela Procuradoria da República no Distrito Federal por ameaças feitas ao ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, e incitação ao crime. Ele também é investigado no inquérito das fake news e foi alvo da investigação sobre os atos antidemocráticos organizados em abril do ano passado.