Apesar do caos político, em 2017 o Brasil deixou para trás a mais profunda e longa depressão econômica da sua História. O PIB cresceu nos 3 primeiros trimestres. Os indicadores sugerem que o crescimento se acelerou no quarto trimestre. A confiança dos consumidores e dos empresários melhora desde 2016. A partir de abril, 2,3 milhões de pessoas voltaram a ter emprego.

Com a inflação mais baixa em 20 anos, a taxa Selic é hoje a menor da série histórica, impulsionando o crédito e os setores de bens duráveis. Em outubro, as vendas de veículos cresceram mais de 40% e as vendas de imóveis mais de 20% no ano.

As vendas de papelão ondulado — embalagens indicam expectativas da indústria — cresceram 8% no último mês. O comércio espera o melhor Natal em pelo menos 3 anos.

O futuro é sempre incerto. As reformas da Previdência e Tributária serão aprovadas? E as eleições? Quem serão os candidatos? O que farão se eleitos? Não sabemos, mas o risco de uma guinada substancial na política econômica que aborte a recuperação parece limitado.

E se Lula ganhar as eleições? Antes, ele tem de poder se candidatar. Em janeiro, o TRF-4 deve manter sua condenação, o que o enquadraria como fixa suja. A decisão é passível de embargo, mas os embargos normalmente são rejeitados. Ainda que seja candidato, sua chance de ser eleito é menor do que parece. Lula tem taxas de rejeição elevadas.

Mas, e se eleito, Lula mudaria radicalmente a política econômica? Improvável. Quando assumiu em 2002, inteligentemente trouxe para o Banco Central o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, banqueiro internacional recém-eleito deputado pelo PSDB. Dessa vez, Lula teria atitudes diferentes? Talvez, mas a liberdade de imprensa e a independência da Justiça parecem muito mais em risco do que a política econômica.

Os demais candidatos ou têm chances remotas — como Ciro Gomes — ou não alterariam a política econômica a ponto de colocar a recuperação em risco — como Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin, João Dória, João Amôedo e Alvaro Dias. O risco de grandes guinadas com Marina da Silva ou Jair Bolsonaro também parece estar caindo.

Em resumo, há riscos eleitorais e externos — uma eventual crise financeira global — mas eles parecem limitados. Se nenhum se materializar, o crescimento em 2018 e nos próximos anos deve superar — talvez por muito — a expectativa da maioria dos economistas, hoje na casa de 2% a.a.

Com a inflação mais baixa em 20 anos, a taxa Selic é hoje a menor da
série histórica, impulsionando o crédito e os setores de bens duráveis