Que países reconhecem o Estado palestino?

Três quartos dos países-membros da ONU reconhecem o Estado palestino, proclamado por líderes no exílio há mais de 35 anos, um ato diplomático ao qual mais de 10 países se somaram desde o início da guerra em Gaza.

Segundo os cálculos e verificações da AFP, pelo menos 145 dos 193 Estados que integram a ONU reconhecem ou pretendem reconhecer o Estado palestino, incluindo França, Canadá e Austrália, que anunciaram sua intenção de fazê-lo em setembro, durante a Assembleia Geral da organização com sede em Nova York.

O Reino Unido também anunciou que reconhecerá o Estado palestino, a menos que Israel assuma alguns compromissos.

A maioria dos países da Europa Ocidental e América do Norte, quase todos os países da Oceania, Japão e Coreia do Sul, alguns da América Latina e África, não reconhecem o Estado palestino.

A seguir, as três fases fundamentais deste processo:

– Arafat proclama Estado palestino em 1988 –

Em 15 de novembro de 1988, durante a Primeira Intifada, o líder palestino Yasser Arafat proclamou unilateralmente um Estado palestino independente e Jerusalém como sua capital.

Arafat fez o anúncio em Argel, durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino no exílio, que adotou como objetivo a solução de dois Estados, um israelense e um palestino. Alguns minutos depois, a Argélia foi o primeiro país a reconhecer oficialmente o Estado palestino.

Em poucas semanas, quase 40 países, incluindo China, Índia, Turquia e a maioria dos Estados árabes, adotaram a política. Pouco depois, quase todos os países africanos e nações do bloco soviético seguiram o mesmo caminho.

A partir de dezembro de 2010, primeiro o Brasil e, depois, Argentina, Bolívia, Equador, Chile, Peru e Uruguai reconheceram o Estado palestino.

Na região latino-americana, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Costa Rica já haviam tomado a medida, adotada também por Colômbia, Honduras e El Salvador, marcando uma distância com os Estados Unidos, principal aliado de Israel.

– 2012, um pé na ONU –

Sob a direção de Mahmoud Abbas – sucessor de Arafat, falecido em 2004 – a Autoridade Palestina lançou uma ofensiva diplomática nas organizações internacionais.

A Unesco foi a primeira organização multilateral da ONU a abrir suas portas para os palestinos em 2011, o que gerou indignação em Israel e nos Estados Unidos.

Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU votou a favor de conceder aos palestinos o status de Estado observador nas Nações Unidas.

Isso abriu caminho para integrar em 2015 o Tribunal Penal Internacional (TPI) e permitiu a abertura de investigações sobre operações militares israelenses nos territórios palestinos. Estados Unidos e Israel criticaram a decisão.

– Novo impulso com a guerra em Gaza –

O início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo islamista em território israelense em 7 de outubro de 2023, reacendeu os apelos pelo reconhecimento do Estado palestino.

A Armênia e quatro países do Caribe (Jamaica, Trinidad e Tobago, Barbados e Bahamas) deram o passo em 2024. Também o fizeram quatro países europeus: Noruega, Espanha, Irlanda e Eslovênia; os três últimos, membros da UE.

Em 2014, a Suécia, onde vive uma grande quantidade de palestinos, foi o primeiro membro do bloco a reconhecer o Estado palestino. Outros seis europeus já haviam adotado esta política antes da adesão à UE: Bulgária, Chipre, Hungria, Polônia, República Tcheca e Romênia. No entanto, a Hungria e a República Tcheca voltaram atrás na decisão.

Vários países anunciaram a intenção de reconhecer o Estado palestino, como França, Austrália e Canadá, que planejam concretizá-la em setembro na ONU.

O Reino Unido também o fará, a menos que Israel se comprometa a não anexar a Cisjordânia e aceite um processo de paz que leve a uma solução de dois Estados. Finlândia e Portugal também comunicaram em julho que estão “dispostos” ou “considerando” dar este passo.

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