Durante a cerimônia de posse do ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, como ministro da Justiça, uma presença – e uma cena em especial – chamou a atenção no Palácio do Planalto: na primeira fila, ao lado do ex-presidente José Sarney, um sorridente Fernando Collor era solenemente ignorado por todos os presentes. Aliás, é impressionante a falta de renovação no Poder no Brasil. Há décadas, os figurões são sempre os mesmos.

Não bastasse os impropérios históricos desferidos contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, o que por si só mostra a incoerência da presença (e do convite, afinal, não pulou a cerca e entrou de penetra), aquele que tem “aquilo roxo” sentou-se ao lado de ministros que, há poucos meses, o condenaram a oito anos de prisão por crimes de corrupção na BR Distribuidora. Por óbvio, Collor não está preso.

Lewandowski era amigo pessoal da ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017. Foi indicado para o Supremo por Lula, que também indicou Dias Toffoli, ex-advogado do PT, que acaba de suspender uma multa bilionária da J&F (irmãos Batista), cujo advogado, há alguns meses, era o próprio Ricardo Lewandowski. Lembrando que o presidente Lula teve suas penas de prisão anuladas pelo STF de… Toffoli e Lewandowski.

Ou seja, no beija-mãos palaciano desta quinta-feira (1), em poucas horas, em um mesmo local, tendo como anfitrião um ex-presidiário – que se diz injustiçado por seus convidados – condenados e juízes dividiam abraços e sorrisos como se fossem bons e velhos amigos, e não magistrados e criminosos, o que me permite concluir que: sim! São apenas bons e velhos amigos, e nada mais. Por isso, livres, leves e soltos, se divertindo em BSB.