Que governo vai sair das urnas?
Derrotado nas eleições municipais, Jair Bolsonaro fica ainda mais refém do Centrão e precisará tomar medidas difíceis para reverter uma crise econômica cada vez mais perigosa. Mas ele opta por não fazer nada

DEPENDÊNCIA Se Rodrigo Maia permanecer na presidência da Câmara, ou mesmo se Baleia Rossi (MDB) ocupar o posto, haverá a continuação do “parlamentarismo branco” (Crédito: Pedro Ladeira)
O “day after” para o governo Bolsonaro é cruel. As urnas mostraram que o carisma do presidente derrete e seus apoiadores levaram um sonoro “não” dos eleitores. Ele ingressa na segunda metade de seu mandato enfraquecido, diante de uma crise fiscal explosiva que ameaça o teto de gastos e mina a confiança dos investidores. O desemprego em alta e o fim do auxílio emergencial exigem grande articulação no Congresso e ações firmes para evitar o apagão da máquina pública e o agravamento do drama social. O real se desvalorizou mais de 40% este ano e os preços sobem nos supermercados. O crescimento do PIB no terceiro trimestre (7,7%), ainda que recorde, veio abaixo do esperado e não garante a recuperação da economia. Nem a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2021 foi aprovada. Mas, com as urnas fechadas, o presidente continuou paralisado e se limitou a estimular no final do ano legislativo pautas secundárias, como os programas Casa Verde e Amarela e BR do Mar, dos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Enquanto isso, o ministro Paulo Guedes prometeu pela enésima vez impulsionar as privatizações, ainda que o governo tenha conseguido apenas a façanha de criar mais duas estatais, inchando ainda mais a administração pública. Agora, Guedes diz que serão nove até o final de 2021, incluindo os Correios e a Eletrobras. Não importa. O mercado já não dá bola para suas promessas. Por enquanto, confia nele apenas como um anteparo conveniente para evitar que Bolsonaro tome medidas desatinadas na economia, abrindo a via da irresponsabilidade fiscal que pode reviver os anos Dilma.

Com um apoio popular minguante, o presidente terá que se fiar no grupo político fisiológico que adora apoiar governantes fracos e não hesita em abandoná-los quando estão sem futuro. As eleições de 2020 tornaram Bolsonaro ainda mais refém do Centrão, cujos partidos cresceram nas últimas eleições. Bolsonaro se aproximou deles para evitar o impeachment. Para tentar a reeleição, precisará inclusive de uma dessas legendas para se filiar, pois a aposta na sua própria agremiação, o Aliança pelo Brasil, naufragou. Dependerá do Centrão para manter uma pauta mínima no Legislativo. A escolha da nova cúpula do Congresso será crucial para isso, mas os sinais são péssimos para o mandatário. Ele aposta no líder do Centrão, Arthur Lira, para ter um aliado na presidência da Câmara. Mas o deputado do PP não tem conseguido angariar apoio suficiente para a eleição de fevereiro. É investigado por corrupção no STF e, segundo o Ministério Público Federal, operou um esquema milionário de rachadinha na Assembleia Legislativa de Alagoas (esse crime parece ser uma predileção do bolsonarismo). Se Rodrigo Maia conseguir o aval do STF para ser reconduzido à presidência da Casa, haverá a continuidade do parlamentarismo branco que marcou o primeiro mandato de Bolsonaro. Ou seja, o presidente continuará a reboque da agenda política pautada pelo Legislativo — e isto, essencialmente, pela sua inação e incapacidade de articulação. O cenário não será muito diferente se o novo presidente da Câmara for Baleia Rossi (MDB), provável candidato do campo centrista no caso de Maia ser impedido de concorrer à reeleição.

Sem reformas
De qualquer forma, as mudanças essenciais para a retomada econômica dificilmente vão deslanchar. O atual presidente da Câmara é inimigo figadal de Guedes. Praticamente nenhum projeto do titular da Economia caminha na Casa, e Maia coloca toda a culpa no Posto Ipiranga — a começar pela sua tentativa desesperada de aprovar a nova CPMF, o imposto do cheque, para diminuir o rombo fiscal. Maia, por outro lado, aposta na aprovação da Reforma Tributária, que é de difícil execução por mexer com uma teia complexa de interesses federativos. Se conseguir aprová-la, conseguirá uma marca poderosa para sua gestão, que já conta com a aprovação da Reforma da Previdência em 2019 — a única grande transformação estrutural da era Bolsonaro. Maia diz que já há 320 votos para aprovar a Reforma, acima do mínimo necessário (308). Essa PEC, se for de fato confirmada, dará um impulso importante de confiança ao mercado, o que a equipe econômica já não consegue fazer.
Bolsonaro ainda tem a desastrosa gestão da pandemia diante de si. As vacinas chegam aos outros países e trazem enorme alívio, enquanto o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) se perde em explicações estapafúrdias para a falta de iniciativa do governo. É pouco provável que o mandatário consiga superar a crise sanitária preservando sua imagem. Sem condições de financiar o novo Bolsa Família, Bolsonaro terá cada vez mais a tentação de furar o teto de gastos para financiar obras populistas. Falta coerência. A população não vai mais engolir disparates como a transmissão de energia sem fio ou a revolução do nióbio. Nem vai mais tolerar crises artificiais que servem para mascarar a realidade. Bolsonaro terá o ônus de ser governo para concorrer de novo. Não é mais um franco-atirador que pode culpar Brasília e os políticos por todas as mazelas do País. Precisará prestar contas de suas realizações. O problema é que elas são pífias.
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