Aos 74 anos, morreu o guru bolsonarista Olavo de Carvalho. Ele compunha o ideário negacionista e, segundo consta, contraiu a Covid sem estar vacinado. O tempo, sábio, diz que qualquer sentimento que nos coloque próximos à maldade nos deixará mais vulneráveis. Portanto, não há o que se comemorar em sua morte. A existência dele como o guru foi triste, mostrou a fragilidade humana. Mostrou que ser o oposto de Carvalho é um bom ideal de vida.

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Sua própria filha, Heloisa de Carvalho Martin Arribas, publicou na sua conta do Twitter uma prece ao pai. “Que Deus perdoe ele de todas as maldades que cometeu”, escreveu. Heloisa lembra que, quando o pai afirmou que não existia nenhuma morte por Covid, ela estava em luto pela morte de uma amiga. A realidade confrontou as blasfêmias de Carvalho. Heloisa diz que não consegue estar muito triste e critica quem perdeu a compaixão nesse momento.

Mas também não dá para esquecer. Em nome da liberdade, Carvalho incentivou que o presidente da República e seus súditos proliferassem mensagens contra a vacina da Covid, contra a preservação das pessoas, zombou daqueles que se protegiam contra a doença. Segundo a filha, a causa da morte foi a contaminação por coronavírus. É irônico e triste. Carvalho foi abatido por algo que ele dizia não existir.

Insensível a vários episódios de tragédia no País e a morte de personalidades, o presidente da República mostrou sua face humana e lamentou o ocorrido. Poderia, no entanto, rever a ideia de que a Covid não existe e usar o momento para ter compaixão pelos mais de 620 mil mortos no País. A morte do ideólogo não deve ser comemorada, obviamente, mas suas ideias sim. Vamos rezar para que os pensamentos do guru, que se espalham pelo governo Bolsonaro, também sejam enterradas.