A lista de indiciados pela Polícia Federal (PF) inclui quatro ex-ministros do governo Jair Bolsonaro e dois ex-comandantes das Forças Armadas. O inquérito foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira, 21.

Entre os indiciados está Walter Braga Netto, uma das figuras mais influentes do governo Bolsonaro por mais de um ano. Entre 2020 e 2021, Braga Netto comandou a Casa Civil, considerado o ministério mais importante do Palácio do Planalto.

+Bolsonaro, Braga Netto e outros ex-ministros são indiciados pela PF em inquérito sobre tentativa de golpe

Homem de confiança de Bolsonaro, Braga Netto deixou a Casa Civil para assumir o Ministério da Defesa, cargo que ocupou até 2022. A proximidade entre os dois resultou no convite de Bolsonaro para que Braga Netto fosse seu vice na chapa presidencial das eleições de 2022.

Outro nome indiciado foi Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Torres é uma peça-chave na investigação, sendo o primeiro integrante da alta cúpula do Planalto associado à trama golpista. Ele foi preso após os ataques de 8 de janeiro por omissão e por manter em sua casa um decreto que propunha um golpe de Estado. Torres negou as acusações e afirmou que o documento “era lixo”.

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também foi indiciado. Um dos principais aliados de Bolsonaro, Heleno teria defendido o plano golpista e, de acordo com os investigadores, instigado as Forças Armadas a aderirem à conspiração.

A PF também incluiu na lista Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência da República. Fernandes foi preso na última terça-feira, 19, durante uma operação que investiga um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os investigadores apontam que Bolsonaro tinha conhecimento do plano, mas que a falta de apoio do Exército obrigou o grupo a recuar.

Na cúpula militar, dois ex-comandantes das Forças Armadas foram indiciados. Entre eles está o general Paulo Sérgio Nogueira, que comandou o Exército entre 2021 e 2022 e assumiu o Ministério da Defesa no lugar de Braga Netto. Ele permaneceu no cargo até o fim do mandato de Bolsonaro.

O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, também foi indiciado. Segundo a PF, Garnier teria dado aval ao plano golpista e buscado convencer outros membros das Forças Armadas a apoiar o esquema.

Veja a lista de indiciados

1. AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
2. ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
3. ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
4. ALMIR GARNIER SANTOS
5. AMAURI FERES SAAD
6. ANDERSON GUSTAVO TORRES
7. ANDERSON LIMA DE MOURA
8. ANGELO MARTINS DENICOLI
9. AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
10. BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
11. CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
12. CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
13. CLEVERSON NEY MAGALHÃES
14. ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
15. FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
16. FILIPE GARCIA MARTINS
17. FERNANDO CERIMEDO
18. GIANCARLO GOMES RODRIGUES
19. GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
20. HÉLIO FERREIRA LIMA
21. JAIR MESSIAS BOLSONARO
22. JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
23. LAERCIO VERGILIO
24. MARCELO BORMEVET
25. MARCELO COSTA CÂMARA
26. MARIO FERNANDES
27. MAURO CESAR BARBOSA CID
28. NILTON DINIZ RODRIGUES
29. PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
30. PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
31. RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
32. RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
33. SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
34. TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
35. VALDEMAR COSTA NETO
36. WALTER SOUZA BRAGA NETTO
37. WLADIMIR MATOS SOARES

O indiciamento

Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 21, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. O relatório final das investigações, que abrange as operações Tempus Veritatis e Contragolpe, coloca o ex-presidente no centro da trama.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outras 33 pessoas. De acordo com mensagens obtidas pela PF, Bolsonaro teria conhecimento direto do plano golpista, incluindo a tentativa de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.

Essa formalização ocorre quando o inquérito conclui haver indícios de que o investigado cometeu ao menos um crime, com base em evidências coletadas pelos policiais. Além deste caso, o ex-presidente havia sido indiciado nas investigações das joias sauditas e das fraudes em cartões de vacina.

Bolsonaro não é réu. Com a conclusão do inquérito da PF, os indiciamentos são apresentados ao Ministério Público, neste caso à Procuradoria-Geral da República, que analisa os inquéritos e decide por apresentar ou não denúncias à Justiça.

Em caso positivo, as denúncias são oferecidas ao Supremo. Se o tribunal aceitá-las, os denunciados se tornam réus e o caso vira um processo criminal, ao fim do qual ocorre a condenação ou absolvição dos hoje indiciados.