Quase um ano após protestos no Chile, AI denuncia violações “generalizadas” aos DH

Quase um ano após protestos no Chile, AI denuncia violações "generalizadas" aos DH

A Anistia Internacional (AI) divulgou nesta quarta-feira, a poucos dias de completar um ano desde do início das manifestações sociais no Chile, um relatório em que denuncia que “graves violações dos direitos humanos foram cometidas de forma generalizada” na repressão dos protestos.

“Os comandos estratégicos dos Carabineros (polícia militar chilena) permitiram a prática de atos de tortura e maus-tratos contra os manifestantes, considerando um mal necessário dispersá-los a todo custo”, disse a diretora para as Américas da AI, Erika Guevara, em apresentação do relatório “De olho no Chile: violência policial e responsabilidade do comando durante o surto social”.

A revolta explodiu em 18 de outubro de 2019 após uma alta no preço da passagem do metrô de Santiago e se tornou uma ampla mobilização social contra as desigualdades e o governo do conservador Sebastián Piñera, deixando pelo menos 30 mortos e milhares de feridos e detidos após semanas de protestos.

Segundo dados do Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), 460 pessoas ficaram feridas nos olhos após o impacto no rosto de balas de borracha ou gás lacrimogêneo disparados por agentes antimotins.

A Anistia Internacional considera que, apesar das acusações de violações dos direitos humanos feitas a policiais pelas organizações internacionais um mês após o início das manifestações, “os casos de uso excessivo da força policial continuaram até meados de março 2020”.

“Os atos de violência foram cometidos com base em uma política cujo objetivo final era desencorajar o protesto social”, disse Guevara durante uma videoconferência.

A organização denunciou “impunidade” nas ações policiais e indiferença por parte do alto comando apesar de conhecer a situação.

A polícia chilena afirmou que enfrentou uma violência incomum nas ruas e ajustou seus protocolos para dispersar os protestos sociais.

No entanto, após a reativação das manifestações pelo fim das restrições impostas pela pandemia, o uso excessivo da força voltou a ser observado nas ruas.