A São Silvestre de 2019 realizou uma ação preocupada com o meio ambiente que, por causa do coronavírus, só foi concluída agora em 2021. A última edição da corrida em São Paulo realizada antes da pandemia, reciclou cerca de 500 mil copos plásticos, utilizados por 35 mil atletas e que se tornaram 1.800 lixeiras, distribuídas para 46 escolas públicas do Estado de São Paulo. Esses copos eram entregues aos corredores em pontos específicos da prova. Todos foram recolhidos para a ação.

A iniciativa partiu do Movimento Plástico Transforma (MPT) em parceria com os organizadores da São Silvestre: a Fundação Cásper Líbero, a Gazeta Esportiva e a Yescom. As lixeiras foram produzidas pela empresa Jaguar Plásticos, também responsável pela entrega às secretarias de educação de cada cidade.

Fernanda Maluf, uma das coordenadoras do MPT, contou como surgiu a ideia. “Quem assiste ou participa da corrida enxerga ali o plástico exposto de maneira muito forte. São toneladas de plástico. Não é uma ação que falamos de consumo, porque o consumo é necessário. É uma ação de educação, mais voltada para o descarte e encaminhamento correto com poder de transformação”, disse.

Os plásticos foram coletados por 200 funcionários ao longo dos 15km de percurso da prova de 2019. Cerca de 35 mil pessoas fizeram a inscrição naquela corrida. De lá foram transportados até uma recicladora, selecionados e transformados em resina plástica. A partir disso, os copos de água viraram as 1.800 lixeiras. Responsável pela entrega, a secretaria de educação da cidade de São Carlos acredita que 27 mil alunos, de sete municípios diferentes, serão impactados pela ação.

Para Ana Paula Matsumoto, coordenadora do Núcleo Pedagógico e uma das responsáveis pela área de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Educação de São Carlos, a ação ajudará os alunos a entender melhor como funciona o processo de reciclagem na prática. “A ação dará visibilidade ao encurtamento da logística reversa. Saber que elas foram confeccionadas a partir dos copinhos descartados na Corrida São Silvestre torna esse processo muito mais valoroso”, comenta.

A programação inicial das entregas das lixeiras era para terminar até o primeiro semestre do ano passado. Mas veio a pandemia, o trabalho de reciclagem precisou ser interrompido e as escolas também ficaram fechadas. Só neste ano é que as lixeiras foram liberadas pelas secretarias de educação e então entregues. São, no total, 900 kits, pois foram produzidos dois tipos de lixeira, metade para resíduo orgânico e a outra metade para material reciclável. “Foi um processo tranquilo. A organização do evento informou que cerca de 96% dos copos distribuídos ficam no chão. A operação da coleta foi toda feita pelo Movimento Plástico Transforma”, explicou Fernanda.

Além da ação de entrega, haverá oficinas de compostagem, biogás e lives sobre a importância da reciclagem do plástico. “A ideia é mostrar também que o plástico não está só na garrafinha de água. Ele está na máscara e em outros produtos consumidos no dia a dia”, contou Fernanda.

A partir da São Silvestre, a intenção é expandir a iniciativa para outras corridas de rua pelo Brasil. Os novos projetos ainda estão suspensos por causa da pandemia. “A São Silvestre deu uma visibilidade importante. É uma corrida de público bastante diversificado, tem um volume de plástico grande e que não tem outro material que pode substituí-lo. Pretendemos ampliar a ação para outras competições e outras modalidades”, admite Fernanda.