Com a operação dependente do transporte de pessoas, a startup mineira Buser, de ônibus intermunicipal, chegou a ter faturamento próximo de zero nos primeiros meses de pandemia. O avanço da vacinação, porém, tem rendido bons frutos para a empresa, que transportou 460 mil passageiros em setembro, um salto de 580% na comparação com o mesmo período do ano passado – só no feriado, 150 mil viajantes usaram o serviço.

Em entrevista ao Estadão, Marcelo Abritta, cofundador e presidente executivo da Buser, fala sobre a virada da startup nos últimos meses e os planos de crescimento, que passam por expansão geográfica e novos produtos que ajudem a viabilizar o modelo de fretamento coletivo, como transportes de cargas e o marketplace de venda de passagens em parceria com viações. Abaixo, os melhores momentos.

A Buser chegou a todos os Estados brasileiros. Por que investir em expansão geográfica logo após o baque da pandemia?

É um momento muito bom para o turismo doméstico: a alta temporada está chegando, e as pessoas ficaram quase dois anos presas em casa. Para a Buser, que ainda é pequena se olharmos para o tamanho do mercado de transporte rodoviário brasileiro, esses momentos de alta temporada são um salto na operação, que acelera o crescimento do ano seguinte. Muitas pessoas conhecem a Buser nas férias e passam a usar o serviço rotineiramente depois. Por isso fez sentido irmos mais longe e mais rápido.

Como a Buser conseguiu reagir ao impacto da pandemia?

Sendo bem sincero, acredito que demos sorte. Quando a pandemia chegou, tínhamos acabado de levantar uma rodada de investimento grande e não tínhamos gastado o dinheiro ainda. Ficamos em uma posição muito confortável e tivemos inclusive a oportunidade de ajudar nossos parceiros, emprestando dinheiro sem juros.

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A Buser tem investido em novos produtos. O fretamento compartilhado continuará sendo o pilar do negócio da Buser?

Com certeza. Todas as coisas se retroalimentam para melhorar a viabilidade financeira da Buser. O transporte de cargas é uma forma de permitir viagens que antes não seriam possíveis. Pegamos trechos mais vazios de terça e quarta, por exemplo, e lotamos os ônibus de cargas – por meio de parcerias com varejistas e transportadoras, transportamos encomendas gerais, como roupas e pequenos eletrônicos. O marketplace, por sua vez, é uma forma de dar um só lugar para o viajante comparar todas as opções de viagens, seja de fretamento ou de empresa rodoviária. Tem sido comum também fecharmos uma parceria de marketplace e a empresa colocar alguns ônibus para rodar com a gente no fretamento. Por enquanto, porém, as parcerias têm sido com viações menores. Não porque não quisemos as maiores, mas porque as grandes nem quiseram conversar. Algum dia talvez elas evoluam.

Frequentemente saem decisões da Justiça sobre o funcionamento da Buser. Esse contexto incerto de regulação não trava o crescimento da empresa?

Na verdade, funciona ao contrário. Quanto mais rápido crescermos, mais claro fica o nosso benefício para o mercado brasileiro e maior a chance de vencermos na Justiça. Em termos legais, a situação está pacificada na maioria dos lugares. O nosso pior Estado hoje quanto à regulação é o Paraná, que seria estratégico por conta da proximidade com São Paulo. Mas vamos trabalhar para que a situação mude.

A alemã FlixBus, rival da Buser, anunciou em julho sua chegada ao Brasil com um projeto agressivo. Como a Buser pretende se diferenciar?

Sem a Buser, não existiria FlixBus no Brasil, porque seria um setor altamente fechado. Vamos disputar a preferência do consumidor e estamos dispostos a fazer promoções agressivas também. No fim das contas, a chegada da FlixBus ajuda a fortalecer o argumento para vencer regulações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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