Já podemos nos hospedar em hotéis?

Coluna: Flavia Vitorino

Flavia Vitorino é jornalista e turismóloga especialista em destinos e viagens de natureza. Diretora de conteúdo do aplicativo LYFX e agente de viagens pela GO Escape.

Já podemos nos hospedar em hotéis?

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Mais de cem dias em quarentena e estamos no momento do paradoxo do escapismo. A vontade é de fazer as malas, jogá-las no porta-malas do carro e sair dirigindo sem rumo. Como se pudéssemos, assim, fugir de toda a realidade avassaladora que está tirando vidas e sanidade mental. Mas ir pra onde?

Um levantamento feito pela ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) mostrou que mais de 90% dos hotéis do país ainda estão fechados e que a taxa de ocupação está abaixo de 5%. A estimativa de retorno dos índices pré-pandemia é de 18 meses só para viagens de lazer. E a realidade de agora é que os países estão queimando os neurônios para se adaptar à novas regras.

Pra você ter uma ideia, a França começou a disponibilizar equipamentos de proteção na entrada dos hotéis e o check-in é feito por e-mail. Na Itália, alguns hotéis possuem até dez metros quadrados de área comum pra cada hóspede e já na Espanha alguns estabelecimentos estão exigindo o teste de Covid-19.

Mas vamos ao Brasil. Alguns destinos turísticos daqui anunciaram esta semana uma retomada tímida na reabertura de hotéis. O Ministério do Turismo afirmou, em nota, que publicou uma medida provisória pra destinar R$ 5 bilhões pra apoiar empresas do setor e lançou o projeto “Turismo Responsável”, que reúne protocolos de higiene, além do selo “Turismo Consciente”, concedido a empresas que adotam distanciamento social de no mínimo um metro, equipamentos de proteção individual, além de regras rígidas de higiene pessoal e dos ambientes. Visto isso, já é possível se hospedar em hotéis no Brasil?

Em primeiro lugar é preciso considerar que a pandemia não acabou. É nossa a responsabilidade proteger as pessoas e cidades para onde nos deslocamos. Um primeiro passo é autoconhecimento, fazer o teste para Covid-19 logo antes de se deslocar. Evitar lugares com aglomerações, preferindo o campo, montanhas e praias isoladas, sem contato humano.

Também vale analisar todas as políticas de prevenção adotadas pelo local. Optar por reservas canceláveis e por fazer todo o processo de check-in on-line. É indispensável verificar a questão da capacidade com que o hotel está operando (usualmente o recomendado é 40%) e se está ocorrendo o rodízio de quartos entre uma acomodação e outra.

Esqueça café-da-manhã, piscina, academia. Restaurantes como buffets provavelmente já eram. As melhores opções serão por locais com janelas amplas e escadas (em vez de elevador) para facilitar a ventilação, além de áreas ao ar livre. O novo “5 estrelas” mudou e agora está ligado diretamente a segurança.