O Brasil está sem governo.

A bagunça operacional e organizacional da presidência sob Jair Bolsonaro é evidente. Não há planos, muito menos projetos, que consigam dar à administração um sentido lógico. Tudo é realizado de improviso. O caso do programa Renda Brasil é só mais um exemplo da falta de coordenação e de objetivos de um governo que só pensa em permanecer no poder. Tem como ideia fixa a reeleição em 2022. E necessita agir à procura de ações que possam ampliar a popularidade do chefe do Executivo federal.

Tudo para ganhar tempo no processo de destruição do Estado de Direito e dos valores democráticos edificados pela Constituição de 1988. Bolsonaro sabe de suas limitações e da caterva que o cerca. Tem plena ciência de que a derrota de Donald Trump é o primeiro sinal — e mais importante — do fracasso político do que os otimistas chamam de bolsonarismo — como se fosse possível organizar um conjunto de ideias com algum sentido das falas desconexas do Presidente da República.

O desastre no enfrentamento da pandemia não poderá ser ocultado por muito tempo. Vai chegar à hora da verdade. O auxílio emergencial deu a falsa impressão de que Bolsonaro tinha aceitado, finalmente, a democracia e de que a conversão teria ajudado na obtenção de apoio popular. Ledo engano. Ele continua sendo um inimigo do Estado democrático de Direito e voltará a atacá-lo quando as pesquisas de opinião sinalizarem a queda da sua avaliação e de seu governo. Isto inevitavelmente ocorrerá com a diminuição da ajuda para 300 reais e mais ainda quando for adotado o valor do Bolsa Família. Outro fator será a derrota dos seus candidatos nos principais colégios eleitorais do país nas eleições de novembro.

Então, teremos um Presidente da República que não poderá invocar o apoio das urnas, das pesquisas de avaliação e sem resultados econômicos. Pior será se a curva dos óbitos permanecer alta como está. Isto sem contar os deslizes políticos que irá cometer — como no primeiro semestre — quando pressionado e sem condições de estabelecer negociações republicanas com os outros dois Poderes. A tendência, portanto, é de que a lua de mel de Bolsonaro já está próxima do fim. Nada indica no horizonte de que possa chegar ao final do ano com trunfos suficientes para iniciar o segundo biênio presidencial tendo o comando da política e da economia. Novembro será o seu mês fatídico, aqui e nos Estados Unidos. Sim, nos EUA a tendência é que Joe Biden vença as eleições. Será mais uma derrota de Bolsonaro.

Bolsonaro continua sendo um inimigo do Estado democrático de Direito e voltará a atacá-lo