Lula ainda não telefonou para Donald Trump e ainda não há previsão de fazê-lo sem que sejam concluídas diversas negociações prévias em curso. Antes de qualquer contato direto, o governo brasileiro vem realizando articulações discretas para preparar o terreno e mitigar riscos políticos e diplomáticos. “Lula não vai telefonar à Casa Branca e pedir para transferir”, resumiu, um embaixador.
Depois do encontro de Mauro Vieira com Marco Rubio na semana passada, Trump disse à repórter Raquel Krähenbühl que toparia falar com Lula. Neste domingo, o brasileiro bateu a bola de volta e disse na posse da nova direção do Partido dos Trabalhadores que há um “limite” para brigar com Trump, sublinhando a necessidade de dialogar.
No Planalto, há uma preocupação com o estilo agressivo, imprevisível e, em muitos casos, desonesto de Trump em suas relações internacionais. O temor é que uma simples ligação possa ser usada de forma distorcida pelo republicano, seja para constranger Lula, reforçar alianças internas nos EUA ou alimentar tensões com o Supremo Tribunal Federal — alvo de críticas recentes de Trump em defesa de Jair Bolsonaro.
No Itamaraty e na Fazenda, gestões vêm sendo feitas junto a interlocutores próximos a Trump, na tentativa de calibrar o tom da conversa e avaliar o melhor momento para que o telefonema ocorra. Lula só pegará no telefone quando essas gestões derem segurança ao governo.