A adolescente vítima de estupro já havia sido atendida, quando criança, no Centro de Atenção Psicossocial (CAPSi) da Taquara, zona oeste do Rio, serviço especializado em saúde mental e em tratamento e reinserção de pessoas com problemas de socialização. Em 2014, aos 14 anos, já mãe de um bebê de 1 ano, ela foi levada, por ordem judicial, a um abrigo destinado a jovens viciados em drogas.

“Vi que ela não ia acabar bem. A sensação que tenho hoje é de impotência”, disse uma funcionária ouvida pela reportagem. Ela contou ter passado “48 horas intensas” com a adolescente há dois anos e prefere não ser identificada, com medo de traficantes. Em 5 de agosto de 2014, um oficial de Justiça conduziu a adolescente à Casa Viva, unidade já extinta de um convênio entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a ONG Viva Rio. A busca e apreensão dela havia sido decretada pela Justiça após recebimento de duas ligações com informações sobre seu comportamento.

Os parentes acompanhavam com temor a rebeldia da menina: ela saía sozinha desde os 11 anos, frequentava bailes funk em favelas sem autorização dos pais, engravidou aos 13 anos de um traficante cujo nome não consta da certidão de nascimento do filho e largou a escola. Fugiu do abrigo dois dias depois.

A medida foi tomada depois que a garota divulgou fotos em redes sociais com armas na mão. “Ela deixava o bebê com a mãe e saía para o baile. Os vínculos familiares vinham fragilizados. O domínio sobre os pais é total: ela agredia os dois fisicamente, sabia como desequilibrá-los. A mãe tem problemas psiquiátricos; o pai é idoso e tem saúde frágil (teve um acidente vascular cerebral, que lhe prejudica a fala e a mobilidade). Ela, o irmão, de 6 anos, e o filho dela, de 3 anos, ficam no meio disso. A avó, que é professora, é a mantenedora da família”, disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.