Quando começará o conclave que elegerá o novo papa? Entenda a votação

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O conclave será realizado na Capela Sistina Foto: AFP PHOTO/OSSERVATORE ROMANO

Com a morte do Papa Francisco, anunciada pelo Vaticano nesta segunda-feira, a Igreja Católica Romana dará início a rituais elaborados e impregnados de tradição que marcam o fim de um papado e levam ao início do próximo.

Os ritos de luto duram nove dias, com a data do funeral e do sepultamento a ser decidida pelos cardeais. A Universi Dominici Gregis diz que eles devem começar entre o quarto e o sexto dia após sua morte.

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Um cardeal conhecido como camerlengo (camareiro), atualmente o cardeal irlandês-americano Kevin Farrell, administrará os assuntos ordinários da Igreja Católica Romana de quase 1,4 bilhão de membros durante o período conhecido como “sede vacante” (cadeira vazia).

Entenda o conclave

A palavra conclave vem do latim e significa “com uma chave”. Ela se origina de uma tradição que começou no século XIII, em que os cardeais eram trancados para forçá-los a decidir o mais rápido possível e limitar a interferência externa.

Os cardeais com 80 anos ou mais podem participar das congregações gerais, mas não têm permissão para entrar no conclave para escolher o próximo papa, que é uma reunião de cardeais com menos de 80 anos. Grande parte da discussão ocorre em interações pessoais entre os cardeais.

O colégio dos cardeais’ é composto por 252 pessoas, incluindo oito brasileiros. Desse grupo, 131 votam (são votantes somente quem têm menos de 80 anos), sendo sete brasileiros.

Tradicionalmente, um período de luto de 15 dias é observado antes do início do conclave. Antes de renunciar em 2013, o Papa Bento XVI modificou a constituição para permitir que o conclave começasse mais cedo, se os cardeais assim o desejassem, ou no máximo 20 dias após a morte, se alguns cardeais tivessem dificuldade para chegar a Roma.

O conclave é realizado na Capela Sistina. Até os dois conclaves de 1978 que elegeram João Paulo I e João Paulo II, os cardeais ficavam em salas improvisadas ao redor da Capela Sistina.

Desde o conclave de 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, eles votam na Capela Sistina, mas ficam na casa de hóspedes Santa Marta, com cerca de 130 quartos. A Santa Marta é fechada e eles são levados de ônibus para a Capela Sistina.

Atualmente, os participantes são proibidos de se comunicar com o mundo exterior. Telefones, internet e jornais não são permitidos e a polícia do Vaticano usa aparelhos eletrônicos de segurança para fazer cumprir as regras.

Com exceção do primeiro dia do conclave, quando há uma votação, os cardeais votam duas vezes por dia.

Quantos votos são necessários?

É necessária uma maioria de dois terços mais um para a eleição. Se ninguém for eleito após 13 dias, é realizado um segundo turno entre os dois principais candidatos, mas ainda é necessária uma maioria de dois terços mais um. Isso é para promover a unidade e desencorajar a busca de candidatos de compromisso.

Quando o conclave elege um papa, ele é questionado se aceita e qual nome deseja adotar. Se ele recusar, o procedimento começa novamente.

O novo papa veste vestes brancas que foram preparadas em três tamanhos e senta-se em um trono na Capela Sistina para receber os outros cardeais, que prestam homenagem e prometem obediência.

O mundo saberá que um papa foi eleito quando um funcionário queimar as cédulas de papel com produtos químicos especiais para que a fumaça branca saia da chaminé da capela. A fumaça preta indica uma votação inconclusiva.

O eleitor sênior entre os cardeais diáconos, atualmente o cardeal francês Dominique Mamberti, sobe ao balcão central da Basílica de São Pedro para anunciar à multidão na praça “Habemus Papam” (Temos um papa).

O novo papa então aparece e dá à multidão sua primeira bênção como pontífice.