A lívio e medo. Essas foram as sensações que resultaram da eleição na Espanha, ocorrida no domingo 28. Alívio porque levou à vitória o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, político sensato e moderado. E medo porque o êxito foi parcial. O PSOE ficou com maioria no Senado, mas, dos 350 assentos na Câmara, levou 123. Enquanto isso, o partido de extrema-direita Vox conquistou 24 cadeiras, o suficiente para tirar a Espanha da lista de países europeus que ainda não foram contaminados pela onda de conservadorismo que varre o mundo. Agora, são somente quatro: Portugal, Irlanda, Luxemburgo e Malta. O Vox é a primeira agremiação política de extrema-direita a obter representação parlamentar desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975. O avanço do conservadorismo parecia ter atingido seu ápice em 2017, quando a Alemanha registrou a chegada ao congresso do partido Alternativa para a Alemanha, uma versão contemporânea do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, liderado por Adolf Hitler. Até então, nenhuma bancada de extrema-direita havia alcançado o Bundestag. Na Espanha, Sánchéz prometeu resistir: “Defenderemos a democracia, os direitos e a liberdade.”

O partido de extrema direita Vox colocou a Espanha entre os países europeus que seguem  o conservadorismo

Uma brasileira contra o retrocesso

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Chama-se Maria Dantas a primeira brasileira eleita para o parlamento da Espanha. Natural de Aracaju, ela mora há 25 anos no país e obteve um lugar no congresso pelo Partido Esquerda Republicana da Catalunha, que luta pela independência da região. Maria Dantas comemorou a vitória vestindo uma camiseta com a imagem da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado no Rio de Janeiro. Uma de suas plataformas é a defesa dos direitos dos imigrantes e refugiados. Outra é denunciar ações retrógradas do governo de Jair Bolsonaro.

EUROPA
Xenofobia em Portugal

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Uma caixa com pedras, acompanhada de uma placa com os dizeres “grátis se for para atirar a um zuca”, foi disponibilizada na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (UL), uma das mais tradicionais do mundo. O “zuca” em questão é derivado do termo “brazuca”, gíria para se referir aos brasileiros que moram na capital portuguesa. Na UL existem 1227 alunos do Brasil, número expressivo frente ao total de 5488. A entidade estudantil Tertúlia Libertas assumiu a “manifestação”, dizendo não se tratar de ódio a estrangeiros e, sim, de uma piada com o alto índice de brasileiros na universidade. A caixa foi retirada por ordem da direção da UL, que instaurou processo disciplinar. Ela reiterou o seu respeito pela “diversidade cultural”, ressaltando que “a autocrítica, o humor e a sátira” fazem parte da convivência na faculdade. Vale ressaltar, no entanto, que a xenofobia não é engraçada, principalmente quando incita ataques a um grupo minoritário.

CIÊNCIA
A flor do Amapá

Patrick Cantuária

Uma nova espécie de orquídea foi catalogada na comunidade científica mundial. Trata-se da Lepanthes Suelipinii, identificada pelo biólogo Patrick Cantuária, do Instituto de Pesquisas do Amapá, no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. O batismo foi feito em homenagem a Sueli Pini, a única mulher desembargadora e a primeira a ser presidente do Tribunal de Justiça do estado.

JUSTIÇA
O absurdo critério que deu o semiaberto a Alexandre Nardoni

PEDRO DIAS / AG. ISTOE

Condenado a três décadas de prisão pelo assassinato em 2008 de sua filha Isabella (garotinha de cinco anos), Alexandre Nardoni cumpriu 11 anos da sentença e obteve o regime semiaberto. Pesou na decisão da Justiça o absurdo critério de ele possuir “planos para o futuro”. Com 634 dias de remissão oriundos do trabalho na cadeia, Alexandre ficou preso dois quintos da pena, como determinava a antiga Lei dos Crimes Hediondos. São fatores brandos demais, para um crime tão grave, que deixam a sociedade revoltada. A responsabilidade, no entanto, não é da magistrada que deu-lhe o semiaberto – é da legislação.

CONDECORAÇÃO
Bolsonaro errou a mão

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Não, Jair Bolsonaro, alguém que fique despejando palavrões pela internet não faz jus ao mais alto grau da Ordem de Rio Branco, que é a honraria de Grã-Cruz. Vossa excelência a desprestigiou, dando-a ao autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, que fala mal de militar. Aliás, na hierarquia das condecorações militares, essa Ordem está no topo, reservada a autoridades como presidente e vice-presidente. Tudo bem, então, de tê-la outorgado a Hamilton Mourão. A Ordem valoriza quem se “distingue por serviços meritórios”, mas vossa excelência a distribuiu à baciada – 34 condecorados, entre eles seus filhos Flávio e Eduardo (medalha de Grande Oficial). Não, Jair Bolsonaro, eles nada fizeram de “meritório”. Flávio está até encalacrado com a PF.