Após a euforia provocada pela conquista do bicampeonato mundial pelos Bleus, no domingo em Moscou sobre a Croácia (4-2), surge a questão sobre qual impacto terá no futebol francês este segundo título.

– Jackpot para a FFF –

A Federação Francesa de Futebol (FFF) vai embolsar um total de 32,6 milhões de euros em prêmios da FIFA. Do total, 30% irão para os jogadores e o resto para os cofres.

Para a FFF, é uma boa notícia, já que no início de junho revelou um orçamento para a temporada 2018-2019 de 250,2 milhões de euros, dos quais 86 milhões de euros reservados para o futebol “amador”.

Em relação aos patrocinadores, quase sem exceção, os doze patrocinadores já tinham renovado seus contratos com a FFF antes do início da Rússia-2018 até 2023 e não há reabertura de negociação prevista. Não há informações sobre a existência de cláusulas prevendo bônus em caso de vitória dos Bleus em Moscou.

“Talvez a FFF vai aproveitar esse resultado para negociar novos contratos, tudo dependerá de sua estratégia de marketing”, analisa Christophe Lepetit, economista especializado em esporte no Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES) de Limoges.

A vitória em Moscou coroa um longo trabalho de reconstrução da imagem dos Bleus após a catastrófica Copa da África do Sul-2010, marcada por uma “greve de treinamento” dos jogadores de futebol em Knysna.

No orçamento de 2018-2019, os recursos comerciais (direitos de TV, ingressos, patrocinadores) representam 181,6 milhões de euros, ou 73% do total.

– Mais federados –

Aqui não há tantas dúvidas, porque o sucesso de Kylian Mbappé, Benjamin Pavard e Hugo Lloris deverá contribuir para o aumento de jogadores federados para setembro, quando se inicia as atividades após as férias nos 15.000 clubes de futebol inscritos na FFF.

“Especialmente entre os meninos de 5 a 12 anos, que vão se identificar com os campeões”, prevê o presidente da Liga do Mediterrâneo, Eric Borghini. “Será um verdadeiro desafio recebê-los”, acrescentou ele à AFP.

“Precisamos de instalações. Então o sucesso na Rússia pode ajudar as comunidades a investir”, explica o presidente da FFF, Noël Le Graët.

Após a conquista do título mundial em 1998, o FFF registrou mais de 200.000 federados adicionais na temporada seguinte. Já em 2010, houve uma hemorragia de praticantes.

À frente de todos os esportes na França, o futebol tem 2,2 milhões federados, número que não mudou muito em comparação com os anos 2000. Embora tenha aumentado consideravelmente no campo feminino, com 150.000 garotas federadas atualmente, o triplo em relação a 2010.

Em 2019, a Copa do Mundo Feminina será disputada na França. Isso pode ajudar ainda mais a multiplicar as inscrições.

– Liga francesa mais atrativa –

“Os jogadores da seleção francesa de futebol vão alorizar, mas não jogam na França”, aponta Wladimir Andreff, professor emérito da Universidade de La Sorbonne e presidente do Conselho Científico do Observatório de Economia do Esporte, parte do Ministério dos Esportes.

Dos 23 da lista de Didier Deschamps, 9 jogam na Ligue 1, mas apenas um era titular indiscutível, Kylian Mbappé, do PSG.

“A diferença entre o campeonato francês e o campeonato espanhol ou a Premier League inglesa ainda é enorme”, acrescenta Wladimir Andreff.

No entanto, o sucesso “pode fortalecer o sistema de treinamento francês e os clubes formadores”, diz o economista.

– Cotización de los jugadores –

O time francês já era o mais caro da Copa do Mundo, com um valor de 1,410 bilhão de euros, segundo o Observatório do Futebol CIES.

“O valor de mercado desses jogadores continuará a aumentar, porque eles vão agregar um troféu importante em seu currículo”, revela Andreff.

“Eles poderão negociar salários mais altos e o valor de suas transferências aumentará”, aponta, afirmando que vencer uma “Copa do Mundo ou uma Liga dos Campeões é uma confirmação do valor de um jogador”.

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