Nas eleições, marqueteiros políticos coordenam a estratégia de comunicação, elaboram discursos e formulam a propaganda eleitoral dos candidatos. Embora suas caras não sejam conhecidas, o trabalho interfere diretamente na decisão do voto.
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O site IstoÉ foi ao seminário do Camp (Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político) para ouvir, de quatro profissionais com uma trajetória de campanhas bem-sucedidas, quais são os segredos para fazer um candidato vencedor.
Os marqueteiros
– Fábio Bernardi foi o marqueteiro das eleições de Eduardo Leite (PSDB) para o governo do Rio Grande do Sul, nas eleições de Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e José Fogaça (MDB) para a prefeitura de Porto Alegre e participou da campanha de reeleição presidencial Fernando Henrique Cardoso (PSDB);
– Paulo de Tarso atuou na comunicação dos dois primeiros mandatos do presidente Lula (PT), criou a expressão “Lula Lá” e foi marqueteiro da eleição de Franco Montoro (PMDB) para o governo de São Paulo;
– Lula Guimarães foi o marqueteiro da eleição de João Doria (PSDB) para a prefeitura de São Paulo;
– Cacá Colonnese foi o marqueteiro das eleições de Eduardo Braga (MDB) para governo e Senado do Amazonas, das eleições de Lindbergh Farias (PT) para a prefeitura de Nova Iguaçu e da eleição presidencial de Fernando Collor (PRN).
Os segredos
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“A primeira [decisão crucial para a campanha] é a estratégia. Estratégia não é planejamento. Planejamento é fazer planos, estratégia é fazer escolhas. A estratégia de uma eleição, como a gente vai falar e se posicionar, com quem vamos falar, quem vamos abordar primeiro e quem vamos abordar depois, entender o contexto e a realidade histórica da localidade: adequar tudo isso ao candidato que a gente tem é o mais decisivo.
A segunda coisa é entender que estamos falando com pessoas. O filósofo Aristóteles disse uma frase definidora do comportamento das pessoas e de quem está do outro lado [do marketing político], com o papel de traduzir o que as pessoas pensam para a política: ‘O juízo de valor das pessoas muda conforme a emoção que elas sentem’.
Nosso papel é construir emoções que possam fazer as pessoas preservarem ou mudarem seu juízo de valor a respeito do candidato que a gente tem. Não vai mudar o fato de que a gente está lidando com pessoas, que são mais guiadas pela emoção do que pela razão”, disse Fábio Bernardi.
“A política se move pela correlação de forças. As forças que se acomodam, o que envolve forças econômicas, empresariais, corporativas, sindicatos, enfim: cada candidato representa um projeto e, hoje, há mais projetos e forças disputando o espaço. Isso faz com que seja mais difícil se viabilizar, exige mais articulação e capacidade de falar ao povo.
Mas o povo percebe o projeto. A gente pensa que não, mas do jeito deles, os eleitores falam de política com muita sabedoria. Só precisa treinar o ouvido para ouvir o que eles estão dizendo”, respondeu Paulo de Tarso.

O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e o presidente Lula (PT): Fábio Bernardi e Paulo de Tarso contribuíram para suas vitórias nas urnas
“O que não mudou [para ganhar uma eleição] é a leitura política e a estratégia que cada candidato precisa ter para abordar seu eleitor, seja para convencê-lo, fazer com que preserve o que já pensa ou mudar de opinião, caso ainda não tenha formulado seu voto.
Essa estratégia se soma à leitura correta das pesquisas e às capacidades de entender a realidade social e fazer uma boa análise de conjuntura. [Tudo isso serve] para transformar a realidade em materiais de comunicação”, afirmou Lula Guimarães.
“O candidato precisa ser bom. Precisa ter envolvimento com os problemas da cidade, estado ou país, entender o que está acontecendo e cativar as pessoas. Precisa criar um interesse em torno da pessoa dele, não apenas de suas ideias e propostas. O candidato tem de ser um catalisador de interesses”, disse Cacá Colonnese.