Esperar 60 segundos, especialmente no caso de bebês prematuros, diminui o risco de morte e de deficiências em 17%, diz estudo

 

Por Alexandre Raith, da Agência Einstein

Esperar cerca de 60 segundos para clampear e cortar o cordão umbilical dos bebês, especialmente os nascidos prematuros, é uma recomendação conhecida dos especialistas. Resultados de um novo estudo reforçam os benefícios da prática.

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Em uma pesquisa conduzida pela Universidade de Sidney, na Austrália, os dados de saúde de mais de 1,5 mil bebês nascidos prematuramente, e acompanhados por dois anos, foram analisados. Metade deles tiveram o cordão umbilical clampeado um minuto após o parto e, a outra metade, em 10 segundos.

Todos os bebês avaliados nasceram antes da 30ª semana de gestação, o que caracteriza uma prematuridade considerada “intermediária” (entre 28 e 34 semanas). Na classificação geral, há ainda os prematuros “extremos”, que nascem antes das 28 semanas, e os “tardios”, entre 34 e 37 semanas. Uma gestação completa dura entre 37 a 42 semanas.

Nos resultados, os pesquisadores viram que o adiamento do corte do cordão umbilical trouxe benefícios que se prolongaram por dois anos. O risco de morte e de deficiências na primeira infância, por exemplo, reduziu em 17%. A prática também diminuiu em 30% a mortalidade antes do segundo ano e cerca de 15% menos crianças do grupo do clampeamento tardio precisaram de transfusões de sangue após o nascimento.

A pesquisa, publicada em dezembro no periódico científico The Lancet Child & Adolescent Health, resulta de um acompanhamento de dois anos do Australian Placental Transfusion Study, ensaio clínico realizado em 25 hospitais, de sete países.

Prática também reduz risco de anemia

De acordo com Rita de Cássia Sanchez, obstetra, depois do parto — seja normal ou cesárea —, a saída da placenta demora cerca de 10 minutos. Ao longo desse tempo, o cordão umbilical continua pulsando. Isso significa que o sangue que circulou no bebê e na placenta durante toda a gravidez volta para a criança até o descolamento.

“Os bebês produzem os glóbulos vermelhos, os brancos e o plasma. A placenta está só retornando isso para ele. Assim, aumenta a hemoglobina e, por isso, o risco de anemia é muito menor”, explica a especialista, que também é vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Perinatologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Além da anemia, a prática ajudaria a controlar futuras possíveis infecções.

Nos prematuros, segundo Sanchez, os benefícios da prática são maiores que os riscos. “Não fará muita diferença na parte pulmonar esperar um pouco mais para entregar ao pediatra, mas fará muita diferença na questão da anemia”, completa. Ao nascer com menos de 28 semanas, na prematuridade extrema, o bebê precisa, em geral, de intubação e grandes cuidados pulmonares.

“São boas práticas de humanização durante o atendimento no parto: não fazer o corte na gestante à toa, promover parto normal, fazer o contato pele a pele, colocar o bebê no colo da mãe para fazer o contato com ela, amamentar na primeira hora e também o clampeamento tardio”, ressalta a obstetra.

(Fonte: Agência Einstein)

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