Qual é a frequência ideal para fazer o papanicolau?

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Dados do Ministério da Saúde destacam que pouco mais de 81% das brasileiras afirmaram terem feito o exame nos últimos três anos

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Ao menos 81,3% das brasileiras com idades entre 25 e 64 anos afirmaram terem feito o exame papanicolau nos últimos três anos, segundo aponta o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no fim de março. O exame é a principal estratégia de rastreamento para prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero ­– um tipo prevenível da doença, que é a terceira mais incidente entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma. A meta do governo é que ao menos 85% delas façam o rastreamento.

Os dados foram coletados entre agosto de 2019 e março de 2020 durante a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. Trata-se de uma pesquisa domiciliar de base populacional que teve uma amostra de 90.846 entrevistas.

No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é a realização do exame por mulheres entre 25 a 64 anos que já tiveram relação sexual. Ele deve ser feito anualmente e, após dois resultados negativos, a cada três anos. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que são registrados 16 mil novos casos por ano da doença, que levou a mais de 6,5 mil mortes em 2019.

O que é o papanicolau?

De acordo com Ana Paula Beck, médica ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, o papanicolau é um exame feito a partir da coleta das células do colo do útero e da vagina da mulher. “A análise do material avalia as células presentes principalmente para fazer a detecção precoce do câncer de colo de útero. Mas também pode detectar outras infecções como a [vaginose causada pela bactéria] Gardnerella vaginalis ou mesmo o HPV [papilomavírus humano], se solicitado na mesma amostra”, explica.

Segundo Beck, a maioria dos casos de câncer de colo de útero está associada à infecção pelo vírus HPV – especialmente por quatro subtipos que são de maior risco (16, 18, 45 e 48). Por se tratar de um câncer de crescimento lento — estima-se que pode levar até 10 anos para o tumor aparecer—, é fundamental a realização regular do exame, para a prevenção e detecção precoce, o que resultará na aplicação de tratamentos menos agressivos e com maior possibilidade de cura.

“Se houve uma infecção por algum subtipo do HPV de maior risco para o câncer, ele vai causando lesões e alterando os resultados do papanicolau gradativamente. Por isso é tão importante fazer o exame regulamente, e que a coleta seja feita de forma adequada”, afirma a ginecologista. Casos de infecção de outros subtipos do HPV são considerados de baixo risco e, normalmente, podem se manifestar em forma de verrugas genitais, que também devem ser tratadas, mas não evoluem de forma maligna.

Frequência ideal

Segundo os dados do último boletim do Ministério da Saúde, os resultados indicam que mulheres pardas e com menor nível de instrução e renda fazem menos o papanicolau. Além disso, observaram-se diferenças importantes entre as regiões – apenas cinco Estados conseguiram atingir a meta de rastreamento em 85% das mulheres, o que é um sinal de alerta para a médica.

“Uma taxa de 80% de mulheres realizando papanicolau não é ruim. Porém, o ideal é identificar se estamos atingindo a população que realmente precisa do exame. Uma coisa é individualizar essa pesquisa com dados de consultório e outra coisa é a saúde pública. Algumas pacientes de maior risco não fazem exames há mais de 10 anos, enquanto outras de baixo risco fazem anualmente”, destaca.

(Fonte: Agência Einstein)

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