As circunstâncias da morte da cantora Danielle Fonseca Machado, mais conhecida como Dani Li, estão sendo investigadas pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR). A artista morreu no dia 24 de janeiro, aos 42 anos, após sofrer complicações por conta de uma lipoaspiração realizada em Curitiba (PR). Notícias como essa não são raras, fato que preocupa acerca da técnica. Afinal, quais são os riscos da lipoaspiração?

A lipoaspiração, cujo objetivo é a retirada de gordura localizada, está entre os procedimentos de cirurgia plástica mais realizados no Brasil. “A técnica visa aspirar a gordura utilizando uma cânula. Normalmente, a gente injeta uma solução hidrosalina, que tem função de anestesiar, facilitar a retirada da célula de gordura e diminuir o sangramento”, detalha a cirurgiã plástica Maiéve Corralo, à frente do Instituto Maiéve Corralo, no Rio de Janeiro.

O tempo do procedimento varia conforme as áreas lipoaspiradas. Contudo, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda que nenhuma cirurgia plástica ultrapasse 5 horas de realização, prevenindo, assim, o aumento dos riscos de complicação. Na lipoaspiração, a Sociedade ainda proíbe a retirada de mais de 7% de gordura do peso corporal da paciente.

Maiéve classifica a lipoaspiração como um procedimento muito delicado, que deve ser realizado idealmente em ambiente cirúrgico [hospital com a devida estrutura], com segurança e monitoramento profissional. A cirurgia também precisa ser feita com anestesia geral ou bloqueio espinhal (tipo Raqui). 

O cirurgião plástico Fernando Bianco defende as novas tecnologias para “atingir o melhor resultado e proporcionar maior segurança durante o procedimento”. “A melhor tecnologia dos últimos anos é o Renuvion (jato de plasma), que agrega à lipoaspiração a retração de pele, prevenindo flacidez, algo que era muito comum nas lipoaspirações sem tecnologia. É um procedimento quase isento de complicações e sem contra indicações absolutas para ser realizado”, esclarece.

Contudo, Maiéve alerta que tecnologias que liquefazem a gordura para facilitar a aspiração e têm efeito de aquecimento da derme para auxiliar na retração de pele, também demandam cuidado. “Todos esses procedimentos que aquecem, aumentam o tempo cirúrgico, e com isso os riscos de complicação. Também podem causar retrações de pele mais exacerbadas do que a necessidade”, justifica.

Perigos da lipoaspiração

Por se tratar de uma cirurgia invasiva, realizada sob anestesia, é preciso estar ciente que há riscos anestésicos. Por isso, também, é imprescindível realizar todos os exames pré-cirúrgicos solicitados.

Entre as possíveis complicações específicas da lipoaspiração, a médica Maiéve lista: 

  • Trombose e embolia – chances são minimizadas reduzindo o tempo cirúrgico e fazendo adequadamente a profilaxia medicamentosa e uso de compressor pneumático;
  • Desidratação no pós-operatório – enquanto estiver internada, fazer uso de soro. Após a alta, manter a injesta oral de líquido (3 litros por dia);
  • Embolia gordurosa (menos comum) – normalmente quando se faz enxertia de gordura, especialmente dentro da musculatura. Por isso, o ideal é que seja realizado somente no tecido celular subcutâneo, que minimiza tal risco;
  • Infecção (menos comum) – a escolha de um bom profissional e ambiente hospitalar adequado, bem como a realização correta de profilaxia durante a internação e pós-operatório podem evitar essa consequência;
  • Perfuração (pouco comum) – normalmente relacionada à lipoaspiração realizada por pessoas que não são cirurgiões plásticos. Complicação é grave e pode levar à morte.

Os perigos da lipoaspiração estão, muitas vezes, relacionados à falta de qualificação do profissional responsável. Por isso, os especialistas orientam buscar um médico capacitado, habilitado pela SBCP, experiente e de confiança. “Outro fator fundamental é uma estrutura hospitalar adequada para essa cirurgia. Além de pré e pós-operatório de qualidade, que são complementos importantes para o sucesso da cirurgia”, conclui Fernando Bianco.