O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) anulou três questões da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 por suspeita de vazamento. Os gabaritos e as perguntas anuladas (duas de ciências da natureza e suas tecnologias e uma de matemática) foram divulgadas nesta quarta-feira, 19.
As três questões anuladas foram:
- Questão 115 do caderno amarelo; 118 do caderno cinza, laranja e roxo; 132 do caderno azul; 135 do caderno verde

- Questão 121 do caderno amarelo; 115 do caderno cinza, laranja e roxo; 123 do caderno azul; 132 do caderno verde

- Questão 178 do caderno amarelo; 172 do caderno cinza, laranja e roxo; 174 do caderno azul; 168 do caderno verde

O que aconteceu?
O estudante de Medicina Edcley Teixeira é suspeito de “vazar” durante uma live seis perguntas quase idênticas às apresentadas durante as provas do último domingo, 16. De acordo com comunicado oficial do Inpe, ao identificar relatos de antecipação de questões similares às presentes na prova deste ano, a equipe técnica responsável pela montagem das avaliações analisou as circunstâncias e decidiu “pela anulação de três itens aplicados na prova.”
O Enem utiliza TRI (Teoria da Resposta ao Item) para apuração de seus resultados, que vai além de apenas contar o número de acertos. A TRI considera a dificuldade de cada questão e a coerência das respostas do estudante. Para que a metodologia funcione, é imprescindível que o Inep saiba qual é o grau de dificuldade de cada questão antes da prova oficial – por isso, os itens precisam ser pré-testados.
Os estudantes que participam desses pré-testes (geralmente feitos em outras avaliações, salas de aula selecionadas, ou em aplicações experimentais) têm contato com questões que podem ser usadas em edições futuras do Enem. O Inep garante que nenhuma das questões supostamente vazadas compuseram a prova deste ano, mas admite que observou “similaridades pontuais” entre as divulgações nas redes sociais e alguns itens do Enem 2025.
A Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida.
De acordo com a nota, o Inep promove “diversas estratégias para calibrar as questões que compõe o Banco Nacional de Itens e podem ser usadas na elaboração das provas do Enem. Os processos envolvem rigorosos protocolos de segurança, que foram cumpridos em todas as etapas do exame”.
Quem é Edcley?
Nas redes sociais, Edcley se apresenta como “estudante de Medicina da periferia” e oferece serviços de mentoria e consultoria para vestibulandos.
Ele é o responsável pela live que exibiu, cinco dias antes do Enem, seis questões quase similares às que apareceram no exame. Entre elas está a pergunta sobre fotossíntese oxigênica.

Por meio de publicações nos stories do Instagram, Edcley afirmou que utiliza alguns métodos para “prever” as questões:
- Memorização de perguntas do Prêmio CAPES Talento Universitário, programa do MEC (Ministério da Educação) em que candidatos do
- Enem de edições passadas são submetidos a uma prova de conhecimentos gerais;
- Análises próprias da Teoria da Resposta ao Item (TRI);
- Suposta “engenharia reversa” dos padrões do Enem. Segundo ele, o Enem é repetitivo, por isso basta descobrir as tendências para ter noção das questões aplicadas;
- Acompanhamento de chamadas públicas e de perfis de professores que elaboram itens.
Em outra postagem no Instagram, Edcley afirmou que “não fez nada de errado” e que não está preocupado com as investigações sobre o suposto vazamento das perguntas.