O pacote fiscal de R$ 71,9 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi visto com sinal amarelo (ou com cautela) pelo mercado financeiro. No entanto, há consenso sobre os cortes nos benefícios considerados privilégios dos militares pelo governo Lula (PT).

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Em uma pesquisa Quaest feita com gestores, economistas, traders e analistas de fundos de investimento em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde estão os principais centros financeiros do país, 99% dos entrevistados se disseram favoráveis ao fim da “morte ficta” — a garantia de pensão vitalícia a herdeiros de militares expulsos — e da transferência de pensões militares.

Além disso, 98% aprovaram o estabelecimento de uma idade mínima (55 anos) para que servidores das Forças Armadas passem para a reserva remunerada. Como o site IstoÉ reportou e a Marinha explicitou em um vídeo provocativo, os fardados não foram receptivos aos cortes que podem afetá-los.

Já o mercado se animou ainda com as iniciativas de restrição do crescimento das emendas parlamentares (96%) e dos “supersalários” (95%). No geral, 85% consideram as medidas de pente fino sugeridas pela Fazenda favoráveis ao cumprimento do arcabouço fiscal.

Só isenção do IR desagrada

No pacote de Haddad, a única proposta majoritariamente reprovada foi a isenção do imposto de renda para a população que ganha até R$ 5 mil mensais, com 85% de avaliação negativa. Neste caso, a própria classe política colocou um freio na ideia e deve adiar sua discussão no Legislativo.

A Quaest fez 105 entrevistas virtuais com fundos de investimento entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro.