Cientistas belgas conseguiram reconstruir integralmente de forma virtual um quadro desaparecido de René Magritte, uma obra de 1927 que o artista belga cortou anos depois em quatro fragmentos para reutilizá-la como telas, anunciou nesta terça-feira (14) um museu de Bruxelas.

Debaixo da pintura do quadro “Dieu n’est pas un saint” (Deus não é um santo, 1935), uma das obras do artista expostas no museu de Bruxelas dedicado à sua obra, foi detectado um fragmento de “La Pose enchantée” (A pose encantada), uma grande tela de 1927, que mostra uma mulher nua duplicada, explicou-se em coletiva de imprensa.

A descoberta deste quarto e último fragmento encerrou definitivamente o “mistério” que cercava esta obra, que fazia parte do catálogo de Magritte, graças a uma foto em preto e branco da época de sua realização, e que era considerada desaparecida desde 1932.

A recente descoberta dos pesquisadores da Universidade de Liège, no leste da Bélgica, permite deduzir que em 1935 Magritte decidiu cortar a tela em quatro para fazer quatro quadros menores.

Esta obra não estava assinada e parece que seu autor a considerava “inacabada”, destacou Michel Draguet, diretor-geral dos Museus Reais de Belas Artes da Bélgica, instituição que administra o museu Magritte.

O artista decidiu sacrificar “A pose encantada” em virtude de seus “problemas financeiros”, em uma época em que as grandes galerias viviam dificuldades econômicas após a crise de 1929, explicou Draguet.

Em 2013, um primeiro fragmento foi encontrado, mediante raios-X, em um quadro que fazia parte de uma retrospectiva que o MoMa de Nova York dedicou ao pintor surrealista.

Outros dois fragmentos foram identificados, sempre em quadros de 1935, no Museu de Arte Moderna de Estocolmo, e depois em 2016, no Norwich Castle Museum do Reino Unido.